Associação entre a hiperalimentação e hiperglicemia em pacientes na unidade de terapia intensiva pediátrica

Abstract

Introdução: Pacientes pediátricos graves precisam de assistência contínua, sendo a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) destinado aos cuidados intensivos. Estes pacientes estão em grande risco de deterioração do estado de saúde. A desnutrição e a hiperglicemia aumentam o tempo de internação desses pacientes. A terapia nutricional é parte essencial no tratamento dos pacientes pediátricos graves. No entanto, tem-se observado que a hiperalimentação está associada a desfechos clínicos desfavoráveis. Objetivo: Avaliar a associação entre hiperglicemia e hiperalimentação com tempo de internação na UTIP em pacientes pediátricos graves. Métodos: Estudo observacional prospectivo, sendo uma análise secundária do ensaio clínico realizado na UTIP do Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG). Para responder ao objetivo geral, a variável de exposição foi a presença de hiperalimentação por meio da terapia nutricional enteral, definida como oferta de energia média dos primeiros cinco dias > 110%; e como desfecho primário a presença de ao menos um pico hiperglicêmico (glicemia capilar > 150 mg/dL) nos primeiros cinco dias. Para responder ao objetivo secundário, os desfechos primários foram o tempo de internação na UTIP e hospitalar, sendo a exposição principal a hiperglicemia. Resultados: Dentre os 472 pacientes que foram admitidos na UTIP, 34 preencheram os critérios de elegibilidade e foram incluídos no estudo (20 meninos e 14 meninas). A maioria dos pacientes, 88,24%, internou por motivos clínicos, e quanto aos desfechos clínicos, 26,47% apresentaram infecção nosocomial e 20% dos pacientes ficaram em ventilação mecânica. Dos 34 pacientes, 41% apresentaram hiperglicemia em algum momento dos primeiros 5 dias de internação. Foi observado que dentre os 34 pacientes, a prevalência de hiperalimentação nos primeiros 5 dias foi de 38,2% (n=13). Não houve diferença nos desfechos clínicos entre pacientes com e sem hiperglicemia. Não houve associação entre hiperglicemia e oferta de energia. Conclusão: Foram observadas prevalência de hiperalimentação de 38% e hiperglicemia de 41%. Não foram observadas associação entre hiperglicemia e hiperalimentação, tampouco com desfechos clínicos.