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A soja (Glycine max L.) é o carro-chefe do agronegócio brasileiro e transformou o modelo agrícola e o sistema de produção, com uso de técnicas, como o plantio direto, que levam ao adequado manejo do solo. Além de suportarem a produção agrícola, os solos são fonte de uma ampla diversidade de funções e serviços ecossistêmicos essenciais, que, em sua maioria, são realizados por organismos invertebrados. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações sofridas pela comunidade de invertebrados de solo durante a mudança no uso da terra (de campo natural para lavoura de soja, no verão, e pastagem plantada, no inverno) e a relação dos grupos com a qualidade do solo. O estudo foi conduzido no município de Vale Verde - RS, entre julho/2018 e julho/2019. As amostragens foram realizadas utilizando diferentes metodologias: armadilhas tipo pitfall, anéis de mesofauna, monólitos (método TSBF) e bait lamina. Além disso, foram coletadas amostras para obtenção dos parâmetros físico-químicos do solo. Os organismos foram identificados e classificados, e a comunidade foi avaliada em relação à riqueza, abundância, diversidade pelo índice de Shannon-Weaver, dominância pelo índice de Simpson e uniformidade pelo índice de Pielou. A maior riqueza foi encontrada na primeira coleta (campo natural), tanto para macro (16 Ordens), como para mesofauna (12 Ordens), enquanto a taxa de consumo dos bait laminas (15,5%) foi a mais baixa. A segunda coleta (lavoura de soja) apresentou redução na riqueza (8 Ordens para macro e 7 Ordens para meso), com a maior taxa de consumo de bait laminas (60,1%). Já na terceira coleta (pastagem de inverno) houve aumento na riqueza da macrofauna (9 Ordens), mas redução na riqueza de mesofauna (6 Ordens), enquanto o consumo de bait laminas permaneceu semelhante ao período anterior (59,2%). Durante o período amostrado, houve perda das Ordens Diplura, Isopoda, Opiliones, Protura, Pulmonata e Tylenchida, que possuem grande importância na ciclagem de nutrientes, construção de pequenas galerias e atuação no controle populacional de microrganismos. O estudo mostrou que o ecossistema não foi resiliente dentro do período abrangido (1 ano), sendo dominado por alguns grupos e perdendo diversidade e uniformidade durante e após o cultivo de soja. No entanto, nosso estudo avaliou apenas as alterações ocorridas no primeiro ano de conversão, apresentando a necessidade de pesquisa e acompanhamento da área por um período mais longo, avaliando o estabelecimento do sistema e o comportamento dos invertebrados do solo ao decorrer de vários anos. |
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