Efeitos da compressão isquêmica manual no tratamento da síndrome da dor miofascial

Abstract

Introdução: A Síndrome da Dor Miofascial é caracterizada pela presença de dor musculoesquelética, de fraqueza muscular e de diminuição da mobilidade articular, em razão da presença de pontos gatilhos miofasciais (PGM). A compressão isquêmica manual é uma das diferentes abordagens fisioterapêuticas, visando a desativação do ponto gatilho e o restabelecimento da fibra muscular. Entretanto, apesar de ser bastante utilizada na prática clínica, requer maiores evidências. Objetivo: Avaliar os efeitos da Compressão Isquêmica Manual (CIM) no tratamento de PGM ativos no músculo trapézio descendente de mulheres. Metodologia: Trata-se de um estudo prospectivo de série de casos, com 18 voluntárias, do sexo feminino, de idade entre 18 e 40 anos, com relato de dor cervical, PGM ativo no músculo trapézio descendente e queixa de dor acima de 3 na Escala Visual Analógica (EVA), submetidas a um protocolo de CIM, de uma única sessão, no qual foi realizada uma pressão de intensidade moderada sobre o ponto gatilho por 90 segundos. As avaliações ocorreram antes (basal) e após a intervenção (10min e 30min, 1 semana e 1 mês), com as variáveis dor, limiar de dor à pressão (LDP), eletromiografia (EMG) de superfície, índice de incapacidade do pescoço (NDI) e grau de ansiedade (GAD-7). A análise estatística dos dados foi realizada por meio do programa GraphPad Prisma®, a partir do teste de Shapiro Wilk seguido de testes específicos para as variáveis. Para análise dos valores de EVA e NDI, aplicou-se One-way ANOVA com post-hoc Tukey, enquanto para o LDP, utilizou-se o Teste t-Student pareado. Já para GAD-7 e para os valores de EMG, aplicou-se o Teste de Friedman com post-hoc Wilcoxon. Resultados: A análise dos resultados apontou redução significativa no nível de dor na escala EVA (1 semana), de 4,78 cm ± 1,20 cm para 2,61 cm ± 1,94 cm; redução da pontuação no NDI, alterando-se de 14,50 ± 5,80, para 6,66 ± 4,27 (1 semana) e para 6,88 ± 4,71 (1 mês); redução da pontuação no GAD-7 (1 mês), de 9,94 ± 4,86, para 6,16 ± 4,50; e aumento do LDP 30 min após a intervenção de 2,30 kgf ± 0,56 kgf, para 3,08 kgf ± 1,12 kgf; porém não foi capaz de gerar alteração significativa nos componentes de EMG. Conclusão: Na amostra analisada, a aplicação da CIM promoveu a redução da dor, da incapacidade, do grau de ansiedade, além de promover um aumento do LDP.

Introduction: Myofascial Pain Syndrome is characterized by the presence of musculoskeletal pain, muscle weakness and decreased joint mobility, due to the presence of myofascial trigger points (MTP). Manual ischemic compression is one of the different physiotherapeutic approaches, aiming to deactivate the trigger point and restore muscle fiber. However, despite being widely used in clinical practice, it requires more evidence. Objective: To evaluate the effects of Manual Ischemic Compression (MIC) in the treatment of active MTP in the descending trapezius muscle in women. Methodology: This is a prospective study of a series of cases, with 18 female volunteers, aged between 18 and 40 years, with a report of cervical pain, active PGM in the descending trapezius muscle and pain complaint above 3 in Visual Analogue Scale (VAS), submitted to a single session MIC protocol, in which moderate pressure was applied over the trigger point for 90 seconds. The evaluations took place before (baseline) and after the intervention (10min and 30min, 1 week and 1 month), with the variables pain, pressure pain threshold (PPT), surface electromyography (EMG), neck disability index (NDI) and degree of anxiety (GAD-7). Statistical analysis of the data was performed using the GraphPad Prisma® program, using the Shapiro Wilk test followed by specific tests for the variables. To analyze the values of VAS and NDI, One-way ANOVA with post-hoc Tukey was applied, while for LDP, the paired t-Student test was used. For GAD-7 and EMG values, the Friedman test with post-hoc Wilcoxon was applied. Results: The analysis of the results showed a significant reduction in the level of pain on the VAS scale (1 week), from 4.78 cm ± 1.20 cm to 2.61 cm ± 1.94 cm; reduction of the NDI score, changing from 14.50 ± 5.80, to 6.66 ± 4.27 (1 week) and to 6.88 ± 4.71 (1 month); reduction of the score in the GAD-7 (1 month), from 9.94 ± 4.86, to 6.16 ± 4.50; and increase in PPT 30 min after the intervention from 2.30 kgf ± 0.56 kgf, to 3.08 kgf ± 1.12 kgf; however, it was not able to generate significant changes in the EMG components. Conclusion: In the sample analyzed, the application of the MIC promoted a reduction in pain, disability, and the degree of anxiety, in addition to promoting an increase in the PPT.