Alcalóides pirrolizidínicos do Senecio spp. alteram a expressão de genes controladores da cascata ovulatória de células da granulosa de bovinos in vitro

Abstract

O Senecio brasiliensis é uma planta tóxica encontrada por toda América do Sul. Na região Sul do Brasil, esta planta é conhecida como maria-mole e está sendo associada a causa de morte entre bovinos. Seu efeito tóxico se deve as altas concentrações de alcalóides pirrolizidínicos encontrados na planta, que quando metabolizados pela enzima citocromo P450 em pirróis no fígado levam a casos de subfertilidade e consequentemente perdas econômicas expressivas. O objetivo deste trabalho foi validar um sistema de cultivo de células da granulosa e avaliar os efeitos da Senecionina (SO) e Senecifilina (SE; alcalóides pirrolizidínicos encontrados no Senecio spp.) sobre os genes da cascata ovulatória em células da granulosa de bovinos in vitro. Para isso, ovários de bovinos foram obtidos em abatedouro e transportados ao laboratório em solução salina (0,9% NaCl; 30ºC) contendo penicilina (100 UI/ml) e estreptomicina (50 µg/ml). Folículos com diâmetro maior que 12 mm foram aspirados para obtenção das células da granulosa. As células foram cultivas (1x106 células/mL) em meio DMEM/F12 suplementado com SFB, insulina, BSA, penicilina e estreptomicina e mantidos em incubadora a 38,5ºC e 5% CO₂. Após 24 h, as células foram expostas ao meio livre de soro. A SO (0, 10 e 100 ng/mL) e a SF (0, 10 e 100 ng/mL) foram adicionadas 18 h após a mudança do meio, juntamente com LH (100 ng/ml). As células foram expostas ao tratamento por 6, 12 ou 18 horas. Foi observado que a adição dos alcalóides pirrolizidínicos aumentou a expressão de RNAm para EREG após 12 h e diminui a expressão de RNAm para STAR nesse mesmo período. Estes dados sugerem que a intoxicação de bovinos por Senecio spp. pode diminuir a fertilidade causando perdas econômicas superiores as perdas por animais mortos e demonstram que os alcalóides pirrolizidínicos atuam em outros tecidos além do hepático.