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A primeira metade do século XX, com a sua fome de progresso, inovação e liberdade, deu a luz não somente às mais inventivas maneiras de se pensar e representar a realidade, ressignificando, distorcendo ou aniquilando a tradição, como também deu a luz à relativização da verdade, a sistematização da barbárie e a fragmentação do humano. Alberto Savinio (1891 - 1952), escritor, pintor e músico italiano, tendo vivenciado esse período de perene ebulição, refletiu em sua produção artística as ambiguidades do seu tempo. Alocado timidamente entre os prosadores italianos do novecentos, Savinio raramente recebe maior atenção por parte de críticos e leitores quando o assunto é a literatura italiana moderna, isso não só no mundo, mas também na Itália. Lembrado mais por sua pintura que por sua prosa de ficção, porém, esse artista de formação multicultural, imune à rótulos, construiu uma literatura que não se detém nem na tradição nem na vanguarda, mas que pendula entre esses dois pólos; uma literatura sempre inquieta, acolhendo a dúvida dos temas e a flexibilidade das formas, e acumulando sem medo os signos do passado e do presente. A biografia de Savinio, não menos inquieta que a sua obra, nos diz de alguém que nascido na Grécia, de pais italianos, absorveria em Munique a opulenta filosofia de Schopenhauer e de Nietzsche, e em Paris, o que de mais novo se inventava em arte, ou seja, as grandes vanguardas do começo do século. |
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