Erich Erdstein e a caça a nazistas: um estudo sobre o livro “O Renascimento da Suástica no Brasil”

Abstract

Durante os anos de 1967 e 1968 Erich Erdstein conduziu uma investigação no Brasil procurando desvendar um complô nazista que escondia criminosos de guerra em solo sul americano. Enquanto ele fazia essa investigação ia soltando notas à imprensa por acreditar que a visibilidade o ajudaria nessa situação. Isso desagradou muitas das pessoas envolvidas que também soltaram notas contra a investigação do suposto detetive. Erdstein foge do país e dez anos depois, em 1977, publica o livro “O Renascimento da Suástica no Brasil: A verdadeira história dos meninos do Brasil”, contando os detalhes da sua busca e reafirmando que havia nazistas escondidos no país e que ele tinha atirado e matado Josef Mengele em Foz do Iguaçu. No presente trabalho busco compreender como essa situação foi construída e algumas repercussões do caso através de uma perspectiva da História Social da Literatura que proporcionou instrumentos para refletir a respeito do contexto o qual Erich Erdstein e seus contemporâneos viviam por meio dos elementos apresentados no livro e nos jornais. Essa pesquisa demonstrou que o contexto de ditadura militar foi um dos principais motivos pelos quais Erich conseguiu transitar e inquirir tanta gente, pois se apresentando como policial do DOPS, o que depois foi comprovado ser um título falso, dificilmente alguém (inclusive policiais e delegados) questionava seus métodos, batidas policiais sem mandatos, interrogatórios, entre outras atitudes do austríaco. Além disso, foi observado também que existia um esforço muito grande de se negar que existiam nazistas no Brasil principalmente por parte das elites. Por mais que Erich Erdstein tenha tido uma conduta questionável, suas aventuras escancararam uma faceta do pós-guerra importante para compreender a política nacional e internacional a respeito do nazismo e assim podemos entender as manifestações recentes dessa ideologia.