Supervisão de estágio em serviço social: entre o compromisso profissional e os dilemas decorrentes das condições objetivas e subjetivas de trabalho

Abstract

O presente Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em serviço social tem como tema a supervisão de estágio profissional e como objeto as razões que levam assistentes sociais a negarem a supervisão de estágio quando demandados(as) por Instituições de Ensino Superior (IES). Constitui uma síntese de um estudo bibliográfico e de uma pesquisa de natureza empírica que teve como sujeitos profissionais de serviço social que atuam no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), no estado de Santa Catarina. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário enviado por correio eletrônico para o que foi usado o recurso do google forms. Dos 211 instrumentais enviados 71 foram devolvidos, cujo conteúdo é aqui problematizado. Dentre os resultados da pesquisa destacamos o fato de que a discussão proposta não pode ser realizada sem considerar o contexto da formação profissional caracterizado pelo avanço da perspectiva mercadológica no interior da universidade brasileira, deslocando a política de educação do campo do direito para o campo do mercado. Essas alterações afetam diretamente a formação em serviço social, impondo à categoria profissional a criação de estratégias de resistências para fazer valer os princípios e diretrizes que a orientam. Além disso percebe-se um conjunto muito variado de avaliações sobre a pertinência do projeto de formação para responder as demandas do mercado de trabalho, bem como sobre a natureza e finalidade do estágio profissional. Do mesmo modo, a pesquisa suscita importantes elementos para compreender as dificuldades que as IES vêm encontrando para inserir seus(suas) estudantes em campos de estágio, haja vista a negativa da supervisão de campo por parte dos(as) profissionais de serviço social. Os dados mostram que apesar de haver um conjunto também muito variado de razões que são usadas para negar o exercício da atribuição da supervisão de estágio, o que acaba por ser determinante nesta decisão são as condições objetivas e subjetivas de trabalho que, de acordo com os(as) respondentes da pesquisa se caracterizam por um intenso processo de precarização. Diante desta realidade, profissionais consideram que não têm condições de responder às demandas da supervisão de estágio de modo qualificado e alinhado aos princípios e diretrizes que balizam o projeto de formação do serviço social. O questionamento que emerge da pesquisa é se, de fato, as precárias condições de trabalho podem ser entendidas como óbice para a abertura de campos de estágio ou, se tais condições evidenciam exatamente a necessidade de articulação entre os espaços de formação e os do trabalho profissional para a produção de conhecimento que possa iluminar a própria realidade com vistas a construção de estratégias para o seu enfrentamento. Nesta direção, o trabalho conjunto entre estudantes estagiários(as) e supervisores(as) acadêmicos(as) e de campo pode constituir importantes oportunidades.