Abstract:
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Esta pesquisa trata da leitura literária nos vestibulares (USP, Unicamp, UFBA e UFSC) e ENEM, a partir da lei 11.645/8 e das potencialidades de discussão crítica dos mecanismos ideológicos de ocultamento de conflitos presentes na formação social brasileira. Para isso, foram consideradas questões presentes nas áreas de Linguagens e Códigos e Ciências Humanas destes respectivos exames, entre os anos de 2009 a 2018. Um recorte dessas questões foi feito a partir de um critério: que as obras e o excertos tivessem relação com os afrodescendentes e indígenas. A partir da análise do corpus, categorizamos as questões em três grupos: Q.A., que se mantiveram alheias à discussão; Q.C., que fizeram reflexões críticas aos mecanismos ideológicos; e Q.P., os que em sua construção acabam por reforçar esses mecanismos. Tendo isto catalogado e analisado, pudemos perceber que a UFBA e o ENEM representam os melhores desempenhos, desenvolvendo reflexões críticas a esses mecanismos. Entretanto, a UFBA teve um desempenho superior, já que desde 2016 o ENEM vem sofrendo quedas drásticas no número de questões dessa natureza, com um declínio maior em 2018, quando apenas uma questão sobre a temática étnico-racial esteve presente. As outras universidades, por sua vez, não assumiram uma posição crítica significativa, no geral, apresentando altos índices de questões Q.A. A USP e a Unicamp tiveram o pior desempenho, possuindo menos questões classificadas como Q.C. em relação às outras categorizações, diferentemente da UFSC que, apesar de ter mais questões da categoria Q.A., apresenta uma quantidade superior de questões Q.C. que Q.P. Ademais, a pesquisa nos demonstrou que a temática indígena ainda não tem grande expressão nas IES, mas já abarca metade do total de questões com temáticas étnico-raciais no ENEM. Por fim, percebemos que, apesar de a temática étnico-racial já ser considera relevante, o vestibular ainda tem um largo caminho para percorrer. |