Efeito da radioterapia na estrutura dental de pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Abstract

Os bisfosfonatos (BFs) são uma classe de substâncias químicas utilizadas no tratamento de tumores malignos, lesões metastáticas, hipercalcemia e osteoporose. Esses compostos se aderem aos cristais de hidroxiapatita e permitem o aumento da densidade mineral óssea, interferindo no processo de reabsorção e remodelação do tecido. No entanto, pouco se conhece acerca das consequências dos BFs na composição e estrutura do tecido dental. O presente trabalho intitulado ‘Impacto da terapia crônica com BFs na estrutura dentária: análise composicional e microestrutural’ foi uma vertente do macroprojeto ‘Efeito da radioterapia na estrutura dental de pacientes com câncer de cabeça e pescoço’. O objetivo do trabalho foi avaliar, in vitro, a influência da utilização da terapia com BFs na composição e estrutura dentária. Foi realizada análise de fibras colágenas por meio de coloração especial de Tricrômio de Masson e Picrosirius-Hematoxilina Red Staining sob luz polarizada e teste de microdureza por meio do Teste de Knoop em amostras de dentes provenientes de dois grupos distintos de pacientes: dentes hígidos de pacientes desprovidos de alterações sistêmicas ou doenças de base (n=12) oriundos das Clínicas Odontológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e dentes de pacientes sob terapia com BFs superior a 6 meses (n=12) coletados no Centro de Pesquisas Oncológicas de Florianópolis (CEPON). As fibras foram analisadas de maneira qualitativa (baixa integridade ou grau 0, moderada integridade ou grau 1, alta integridade ou grau 2). A análise microscópica sob polarização das lâminas histológicas coradas em Picrosirius Red acusou perda na integridade de colágeno em todas amostras sob terapia com BFs, onde 36,3% dos casos foram classificados como Grau 0 e 63,7% como Grau 1. Com a análise da coloração de Tricômio de Masson, observou-se que 9,1% das amostras submetidas a BFs obtiveram Grau 0 como escore, 45,45% obtiveram Grau 1 e 45,45% apresentaram Grau 2. O teste de microdureza mostrou como média o valor de 53,87±17,24 kgf/mm², valor similar a dentes hígidos. Não foi possível realizar testes de microscopia eletrônica de varredura e análise elementar (EDS) devido à pandemia de COVID-19. Ainda como adaptação a suspensão de atividades presenciais na UFSC, foi desenvolvida uma revisão sistemática sob a presente temática intitulada ‘Prevalência de Alterações Dentoalveolares em Pacientes sob Terapia com BFs: Uma Revisão Sistemática’, que se encontra sob revisão em periódico científico internacional.