Title: | A rebelião dos obedientes: os dramas da desobediência civil em Shakespeare e Hobbes |
Author: | Alves, Marcelo |
Abstract: |
A desobediência civil é a situação-limite que lança uma questão frontal e incontornável sobre as razões da obediência, ou seja, sobre os fundamentos, a legitimidade, a extensão, os limites, o exercício e os objetivos do poder político. Esta extraordinária força problematizadora ? portanto, com enorme potencial dramático ? não passou despercebida por Shakespeare, que fez da rebelião o principal mote de seus Dramas Históricos [History Plays]. Tema caro à Inglaterra Elisabetana, a desobediência civil continuará sendo o principal tema político durante o século XVII inglês, que tem na Guerra Civil (1640-1660) o seu capítulo mais dramático. A filosofia política de Hobbes é, em grande medida, uma tentativa de responder justamente às múltiplas questões políticas suscitadas por aquele fenômeno impactante e que culminou não apenas com a condenação à morte de um rei, mas inclusive com a própria supressão da monarquia. Esta tese tem como a sua principal proposição defender que o modo como Shakespeare e Hobbes percebem a rebelião e as suas implicações políticas é bastante similar nos seus traços fundamentais: ambos reconhecem os males da rebelião e estão longe de fazer a sua apologia, mas não perdem de vista que a realidade (condições materiais e simbólicas) pode tornar a desobediência uma necessidade, especialmente por conta daqueles que são gananciosos e vivem em busca de glória (sobretudo, a nobreza e o clero) e por conta da negligência do soberano, o que pode fazer com que inclusive aqueles dispostos à obediência se vejam forçados a também desobedecer, condição decisiva para que a rebelião se materialize e, por fim, triunfe. Abstract: Civil disobedience is the borderline situation that poses a frontal and unavoidable question on the reasons for disobedience, that is, on its fundaments, its legitimacy, extension, limits, exercise, and the objectives of political power. This extraordinary problematizing force, thus filled with dramatic potential, did not escape the eyes of Shakespeare, who made rebellion the main motif of his History Plays. An attractive theme to Elizabethan England, civil disobedience continued to be the main political theme during English XVII century, which has on its Civil War (1640-1660) its most dramatic chapter. Hobbes? political philosophy is, in large measure, an attempt to answer precisely multiple political questions asked by that impactful phenomenon, which culminated not only with a King sentenced to death, but also with the suppression of monarchy itself. This thesis? main proposition is to defend that the way in which Shakespeare and Hobbes perceive rebellion and its political implications is quite similar in its fundamental traces: both of them acknowledge the hazards of rebellion and are far from being apologetic of it, but they are not blind to the fact that reality (material and symbolic conditions) may turn disobedience into a necessity, especially due to those who are greedy and live in search of glory (above all, the nobility and the clergy) and to the negligence of the sovereign, which can force even those with a disposition to obedience to nonetheless disobey, decisive condition for rebellion to materialize and, finally, triumph. |
Description: | Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2020. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/226778 |
Date: | 2020 |
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PFIL0387-T.pdf | 3.658Mb |
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