A organização e os sentidos: uma análise fenomenológica do tempo-­espaço organizacional na experiência do nascer humano

Abstract

Sustentamos, nesta tese, quatro premissas contrapostas ao conhecimento produzido nos Estudos Organizacionais sobre tempo, espaço e corpo: Compreendemos (i) o tempo e o espaço como fenômenos corpóreos pré-objetivos, experienciais; (ii) o homem enquanto ser-no-mundo, concebido na inextricabilidade entre subjetividade, carne e mundo; (iii) a técnica como invenção/instrumento contingente, sempre sujeito à suspeição do uso/apropriação, e o sensível como estatuto (não restritivo ou patológico) da natureza humana constitutivo da razão adequada, radicada no real; (iv) a atribuição de sentido (significação) e consequente representação da realidade, como resultantes da experiência, do processo de experimentação sensível, e não (ou, não apenas) de seu efeito final. Desenhamos, sob a luz da Fenomenologia da Percepção, nossa argumentação na construção teórica relacional destas premissas, subsidiadas pela análise de 144 relatos maternos do nascimento humano, do procedimento cirúrgico-hospitalar ao evento natural-domiciliar, para pensar a organização, os sentidos e o ser-no-mundo.

Abstract: We support, in this thesis, four premises that are opposed to the knowledge produced in the field of Organizational Studies on time, space and body: we understand (i) time and space as pre-objective, experiential corporeal phenomena; (ii) man as being-in-the-world, conceived in the inextricability between subjectivity, flesh and world; (iii) the technique as an invention/contingent instrument, always subject to suspicion of use/appropriation, and the sensitive as a statute (not restrictive or pathological) of human nature constituting proper reason, rooted in the real; (iv) the attribution of meaning (significance) and consequent representation of reality, as resulting from experience, from the process of sensitive experimentation, and not (or not only) from its final effect. We draw, in the light of the Phenomenology of Perception, our argumentation in the relational theoretical construction of these premises, based on the analysis of 144 reports from mothers about childbirth, from the surgical-hospital procedure to the natural-home event, to think about the organization, the senses and the being-in-the-world.