Um habitar subversivo na cidade: a experiência dos corpos dissidentes no Parque da Luz

Abstract

Como urbanista, pesquisador, homossexual e cisgênero, proponho a partir do meu corpo e da minha experiência corporal, habitar de forma subversiva e cartografar os espaços de pegação presentes no Parque da Luz, centro de Florianópolis. Esse espaço transgressor formado das relações entre os corpos dissidentes da heteronormatividade, dotado de narrativas, atravessamentos afetivo-sexuais, dinâmicas corporais e um modo subversivo de ocupar a cidade. O intuito da pesquisa é produzir uma reflexão sobre o fenômeno urbano da pegação e abrir novos olhares para a discussão entre corpo, cidade e sexualidade dentro das práticas urbanas, visto que sujeitos e sujeitas diversificados em termos de gênero e sexualidade encontram-se numa estruturação socioespacial excludente, na qual corpos dissidentes das normas postas como corretas e aceitáveis sofrem constante repressão e procuram ressignificar a construção das cidades ao ocuparem o espaço urbano na busca de liberdade, construindo territorialidades com novas sociabilidades e encontros afetivo-sexuais. Uma forma de resistência e de questionamento das normas hegemônicas que regem o corpo e o espaço urbano. Torna-se importante uma reflexão sobre esses espaços transgressores para (re)pensar o espaço público da cidade planejada, com o aporte da teoria queer que considera essencial a criação de redes de poder e resistência para transgredir os processos heteronormativos e tornar visível as vivências espaciais urbanas das e dos sujeitos dissidentes.

Abstract: Living in a latinamerican country becomes an even greater challenge when it comes to sexuality and its deviation from the cisgernder heterosexual norms. The way of expressing sexuality in urban space as a whole may vary as it becomes clear what is permitted or denied depending on how you present yourself as a sexual being. The subversion of specific spacialities is the main question for those who interest revolves around the city as a living and ever changing organism, holding a special meaning for certain peripheral groups whose activities unveil new layers of social and specifically sexual interaction and the importance relations between gender, sexuality and public space in Brazilian cities? urban practices. The presented reflection is based upon a basic right of having the freedom to be yourself regardless of the gender or sexuality expressed, though it is widely known that many individuals whose sexuality diverges from heterosexual practices remain part of an excluding socio-spatial structure. Those dissident bodies are seen as not correct and acceptable, suffering constant repression and as a result having no other option but resetting the city by occupying the urban space otherwise, hoping to grasp some right to be and use it in full terms as it is proclaimed in a democracy. These new encounters build up territorialities and new sociability and sexual-affective activities constituting this way a form of resistance against the hegemonic norms. To study these transgressive spaces is an important way to re(think) the public liability of planned cities regarding minorities and deviations from the norm, as the queer theory considers power and resistance networking as essential to transgress the heteronormative processes making dissident individuals? urban spatial experiences visible.