Financeirização e hegemonia estadunidense: processos centrais e periféricos nos casos francês e brasileiro

Abstract

O processo de financeirização da riqueza se caracteriza como uma mudança de regime de acumulação do sistema capitalista. Iniciado a partir do final da Segunda Guerra Mundial e aprofundado na década de 1970, não é um fenômeno estritamente econômico. É preciso analisar a relação imbricada deste com a ascensão e consolidação da hegemonia global dos Estados Unidos. Portanto, este trabalho possui como objetivo principal delinear a trajetória da influência da hegemonia estadunidense na adesão de outros países à financeirização de suas economias no âmbito da mundialização do capital a partir da mudança de regime de acumulação. Serão discutidos os conceitos compatíveis com a atuação dos Estados Unidos na propagação das políticas econômicas da financeirização. O imperialismo de Lênin e a hegemonia de Gramsci serão pormenorizados a fim de adequar suas determinações ao fenômeno aqui estudado: a financeirização. A partir do método crítico-dialético, a pesquisa estudará a historicidade dos atores e eventos que envolvem a financeirização e a hegemonia estadunidense, os compreendendo dentro da totalidade do sistema capitalista. Ressaltando as contradições encontradas, aplicaremos essa análise aos contextos francês e brasileiro, a fim de expor duas perspectivas: a de um país central e a de um país periférico. Essa dupla análise se propõe a demonstrar a abrangência do poder hegemônico dos Estados Unidos, tanto em áreas centrais quanto em regiões periféricas do sistema capitalista.

The process of financialization of wealth is characterized as an alteration of regime of accumulation in the capitalist system. Started after the end of World War II and deepened in the decade of 1970, it is not a strictly economic phenomenon. It is necessary to analyse its interwoven relation with the ascension and of the global United States hegemony. Therefore, this project has as its main objective in outlining the path of the influence of the hegemony of the United States in the accession of other countries to the financialization of their economies in the context of the capital internationalization after the alteration in regime of accumulation. Concepts consistent with the United States’ role in the spread of the economic policies of financialization will be discussed. Lenin’s imperialism and Gramsci’s hegemony will be detailed in order to adequate their determinations to the phenomenon studied here: the financialization. Using a critical-dialectical method, the research will study the historicity of the actors and events that involve the financialization and the United States hegemony, understanding them in the totality of the capitalist system. Highlighting the contradictions found, we will apply this analysis to the French and Brazilian contexts, aiming to expose two different perspectives: of a central and of a peripheral country. This double analysis proposes to demonstrate the broadness of United States’ hegemonic power, both in central areas and peripheral regions of the capitalist system.