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No âmbito acadêmico muito se tem pesquisado sobre os fluxos migratórios nacionais e
internacionais. O fenômeno das Migrações é historicamente produzido e impulsionado por fatores
diversos (econômicos, sociais e políticos), resultando em significativas implicações na vida dos sujeitos
que migram, bem como nas sociedades de saída e chegada. O Brasil, na última década, tem se revelado
um atrativo destino para migrantes, especialmente os haitianos, os quais aqui chegam motivados,
principalmente, por melhores condições de vida e trabalho. Assim, esta pesquisa de conclusão de curso
em Pedagogia pretende compreender como um grupo de migrantes, oriundos do Haiti e República
Dominicana, trabalhadores em uma associação de catadores em Florianópolis, vive e atribui sentido às
experiências migratórias. Trata-se de uma pesquisa de cunho sociológico, cujo método é etnográfico. A
fim de tentar conhecer as estratégias com as quais esses sujeitos operam para sobreviver no Brasil e se
integrar na sociedade brasileira, especialmente no âmbito do trabalho, foram aplicados questionários e
realizada uma entrevista semiestruturada com a única migrante fluente em língua portuguesa. Buscou-
se, dessa forma, conhecer as motivações pelas quais o grupo decidiu (ou foi levado) a migrar; o grau de
escolaridade dos sujeitos; as condições de trabalho e como o grupo se relaciona com esse trabalho; os
desafios por eles enfrentados nos processos de integração na cultura e sociedade brasileira e, por fim,
as expectativas e perspectivas futuras dos migrantes. O que se observa, a partir dos relatos e
depoimentos dos migrantes, é um forte desejo de proporcionar à família a oportunidade de uma
condição de vida diferenciada daquela que tiveram. Deslocados dos seus países, de suas culturas e raízes,
o que parece prevalecer nesse grupo, além da saudade, é, também, um certo sentimento de não
pertencimento, o qual é potencializado por desafios como o domínio da língua, as insuficientes políticas
de acolhimento e questões de ordem discriminatória como racismo e xenofobia. Observa-se, também,
que as experiências migratórias dos participantes deste estudo se constituem no entrelugar, de
memórias e vivências que ora eles desejam esquecer, ora querem recuperar. Na vida desses migrantes,
cansaço, solidão, saudade e frustração se fazem potencialmente presentes. E, junto disso, coabitam
garra, sonho, esperança e resistência. É de sonho e é de luta que se constitui a experiência migratória
desses sujeitos. Além de conhecer as experiências migratórias do grupo participante da pesquisa, este
trabalho busca também refletir sobre o lugar do sujeito migrante no contexto educacional brasileiro,
bem como a relevância da abordagem da temática nas pesquisas de Educação e nas discussões do Curso
de Pedagogia. |
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