Infecções humanas por algas aclorofiladas do gênero Prototheca: revisão narrativa da literatura

Abstract

As algas do gênero Prototheca difere das outras algas pela ausência do pigmento clorofila e consequente incapacidade de realizar a fotossíntese, exigindo assim a disponibilidade externa de nutrientes para a sua nutrição, o que pode ter contribuído para adaptação para a vida parasitária. A prototecose é uma zoonose emergente em animais e humanos causada por estas algas. As espécies P. wickerhamii e P. zopfii são as mais isoladas em infecções humanas, ocorrendo em indivíduos imunocompetentes e imunocomprometidos. A doença geralmente manifesta-se em três formas clínicas: cutânea, articular e disseminada. Este estudo tem como objetivo relatar os casos de prototecose no Brasil e no mundo, revisar os métodos utilizados no diagnóstico e identificação taxonômica da Prototheca, assim como os procedimentos terapêuticos utilizados para o seu tratamento através de uma revisão bibliográfica narrativa de artigos científicos e relatos de casos publicados entre os anos de 2001 a 2021, no Brasil, e entre os anos de 2011 e 2021 no mundo. Após a análise dos artigos, pôde-se constatar que o gênero Prototheca apresenta incidência global, sendo observado casos em todos os continentes, com exceção da Antártica. Na maioria dos casos os pacientes possuíam comorbidades ou fatores de risco, entre eles, pode-se destacar diabetes mellitus, malignidades hematológicas ou câncer, terapia de corticoides e receptores de transplante de órgãos sólidos. No diagnóstico, foram utilizados principalmente exame histopatológico, e cultura em meio ágar Sabouraud, assim como testes bioquímicos de assimilação. O tratamento foi feito com o uso de antifúngicos azólicos e derivados poliênicos como a anfotericina B em mais de 90% dos casos. Embora a prototecose seja uma doença considerada rara, não deve ser ignorada como uma infecção emergente. É de suma importância que os profissionais da saúde estejam alertas sobre este patógeno capaz de causar infecção humana.

Algae of the Prototheca genus differ from other algae in the absence of the chlorophyll pigment and consequent inability to carry out photosynthesis, thus requiring the external availability of nutrients for their nutrition, which may have contributed to adaptation to parasitic life. Protothecosis is an emerging zoonosis in animals and humans caused by these algae. The species P. wickerhamii and P. zopfii are the most associated with/in human species, occurring in immunocompetent and immunocompromised patients. The disease generally present in three forms: cutaneous, olecranon bursitis and disseminated. This study aims to report cases of protothecosis in Brazil and worldwide, review the methods used in the diagnosis and taxonomic identification of Prototheca, as well as the therapeutic procedures used for its treatment through a narrative bibliographical review of scientific articles and reports of cases published between 2001 and 2021, in Brazil, and between 2011 and 2021 in the world. After analyzing the articles, it could be seen that the genus Prototheca presents global incidence, with cases being observed in all continents, except for Antarctica. Most cases had comorbidities or risk factors, among them, diabetes mellitus, hematological malignancies or cancer, corticoid therapy and solid organ transplant recipients can be highlighted. For diagnosis, histopathological examination, and culture on Sabouraud agar medium were used, as well as biochemical assimilation tests. Treatment consisted of azole antifungals and polyene derivatives such as amphotericin B in more than 90% of cases. Although protothecosis is considered a rare disease, it should not be ignored as an emerging infection. It is extremely important that health professionals be alerts about this pathogen capable of causing human infection.