Cuidadores familiares de idosos dependentes no Brasil: vulnerabilidades e estratégias de enfrentamento

Abstract

Introdução: Os cuidadores familiares de idosos dependentes estão inseridos em contextos de vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas, o que resulta em piores indicadores de saúde e qualidade de vida. Objetivo: Analisar as estratégias de enfrentamento utilizadas por cuidadores familiares de idosos dependentes no Brasil para minimizar as vulnerabilidades impostas pelo exercício do cuidado. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa que faz parte de uma pesquisa multicêntrica coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz. Foi realizado em nove municípios brasileiros e participaram 84 cuidadores familiares. Utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo do tipo Temática para a análise das narrativas. Resultados: Os cuidadores familiares, na maior parte, eram do sexo feminino (84,5%), com idade entre 40 a 59 anos (52,4%), cor da pele branca (40,5%) e filhas dos idosos (46,4%). Duas categorias temáticas emergiram, que fazem referência às estratégias de enfrentamento de acordo com a renda, sendo dividido em (1) cuidadores familiares em situação de pobreza e (2) cuidadores familiares de média e alta renda. As narrativas dos cuidadores inseridos em contextos de pobreza fazem referência a estratégias de enfrentamento coletivas, de baixo ou nenhum custo financeiro, como frequentar igrejas, bailes, visitas a familiares, leitura, cigarro e oração. Em contraponto, as narrativas dos cuidadores de classe social de média e alta renda, apontam estratégias que envolvem maior aporte de recurso financeiro, como ir ao shopping, terapias psiquiátricas, hidroginásticas, curso de línguas e meditação. Conclusão: O trabalho buscou abordar as estratégias de enfrentamento que os cuidadores familiares de idosos dependentes usam, no intuito de evidenciar um tema que ainda não alcançou visibilidade suficiente para fomentar políticas públicas. As estratégias de enfrentamento estiveram presentes nas narrativas de todos os cuidadores, embora a condição financeira se constitua como um fator que influencia na minimização das vulnerabilidades impostas pelo exercício do cuidado de idosos.