Eficácia e tolerabilidade do tratamento com termocoagulação da neoplasia intraepitelial cervical de alto grau: um estudo de seguimento de 24 meses

Abstract

Introdução: O câncer do colo do útero é ainda uma das principais causas de câncer e de mortalidade em mulheres, sobretudo nos países de baixa e média renda. A prevenção de sua ocorrência, geralmente, é feita por programas eficientes de rastreamento e tratamento das lesões epiteliais de alto grau que são lesões precursoras do câncer. O tratamento dessas lesões é realizado por uma variedade de métodos, tanto ablativos (termocoagulação, crioterapia, eletrocauterização e cauterização química) quanto excisionais (exérese da zona de transformação, conização por bisturi, aparelho de alta frequência ou laser). Os métodos excisionais são mais utilizados por fornecerem material para exame histopatológico, no entanto, são complexos, caros e de difícil acesso em muitas regiões. A termocoagulação é uma alternativa de tratamento barato, simples, de fácil execução e baixo custo. Objetivo: Avaliar a eficácia e tolerabilidade do tratamento com a termocoagulação das lesões intraepiteliais cervicais de alto grau (NIC 2 e 3) num período de 24 meses de seguimento. Método: Foram avaliadas 115 mulheres com neoplasia intraepitelial cervical de alto grau, 54 com NIC 2 e 61 com NIC 3, confirmadas pela biópsia e sem tratamento prévio, no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2018 submetidas a termocoagulação, no ambulatório de Patologia Cervical do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Brasil. Resultados: A idade média foi de 33,1 anos (DP=9,8) no grupo NIC 2 e 35,2 anos (DP=7,9) no Grupo de NIC 3. A eficácia do tratamento foi de 90,7% no grupo NIC 2 e 96,6% no Grupo NIC 3. A dor foi o principal sintoma referido no momento do tratamento, ocorrendo mais frequentemente no grupo NIC 3 (49,1%, contra 27,8% no grupo NIC 2). Os efeitos adversos em longo prazo foram diagnosticados em 3 casos (5,6%) de doença inflamatória pélvica no grupo NIC 2 e 3 casos (5,0%) no grupo NIC 3. O percentual de lesão residual foi muito baixo em ambos os grupos, 5 no grupo NIC 2 (9,3%) e 2 no grupo NIC 3 (3,4%). Conclusão: A termocoagulação é um método altamente eficaz no tratamento das lesões precursoras do câncer do colo de útero (NIC 2-3) e com boa tolerabilidade. Essa pesquisa visa encorajar a implantação desse método de tratamento no Brasil.

Abstract: Background: Cervical cancer is still one of the main causes of cancer and mortality in women especially in low- and middle-income countries. Usually, the prevention of its occurrence is achieved through efficient screening and treatment programs for high-grade intraepithelial lesions, which are premalignant lesions. These lesions are treated by a variety of methods, such as ablative treatment (thermocoagulation, cryotherapy electrocauterization and Chemical cauterization) and excisional procedure (excision of the transformation zone or conization by electrical methods, high frequency device, laser and cold knife). Excision methods are more frequently used because they provide tissue for histopathological examination. However, they are complex, expensive and difficult to access in many regions. Thermocoagulation is an alternative treatment that is cheap, simple, easy to perform and low cost. Objective: Evaluate the efficacy and tolerability of thermocoagulation treatment of highgrade cervical intraepithelial lesions (CIN 2 and 3) in a 24-month follow up. Method: We evaluated 115 women with high-grade cervical intraepithelial neoplasia, 54 with CIN 2 and 61 with CIN 3, confirmed by biopsy and without previous treatment, from January 2016 to December 2018, undergoing thermocoagulation treatment at the Lower Genital Tract Pathology and Colposcopy Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil. Results: The mean age was 33.1 years (SD=9.8) in CIN 2 and 35.2 years (SD=7.9) for CIN 3 patients. Treatment efficacy was 90.7% in CIN 2 and 96.6.% in CIN 3 cases. Pain was the main symptom reported at the time of treatment, occurring more frequently in the CIN 3 group (49.1% versus 27.8% in the CIN 2 group). As the more important long-term complication, there were 3 cases of pelvic inflammatory disease in CIN 2 (5.6%) and 3 in CIN 3 group (5.0%). The percentage of recurrent lesion was very low in both groups, 5 in CIN 2 group (9.3%) and 2 in CIN 3 group (3.4%) Conclusion: Thermocoagulation is an effective method for treatment of cervical pre-cancer lesions (CIN 2-3) with a low risk of adverse events and complications and has a good tolerability. This research aims to encourage the implementation of this method of treatment in Brazil.