Medicalização da vida e da infância: um estudo sobre seus desdobramentos em três dimensões discursivas

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Medicalização da vida e da infância: um estudo sobre seus desdobramentos em três dimensões discursivas

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Title: Medicalização da vida e da infância: um estudo sobre seus desdobramentos em três dimensões discursivas
Author: Giusti, Karina Gomes
Abstract: A medicalização da vida e da infância é o processo que define questões sociais - marcadas pela cultura e pelo tempo histórico - em termos médicos. Diante deste fato, essa pesquisa procurou analisar o fenômeno que reduz problemáticas da vida ao campo biológico, classificando comportamentos comuns da infância em transtornos mentais. Essa prática causa um aumento considerável de diagnósticos psiquiátricos e tratamentos psicofarmacológicos desnecessários em crianças e adolescentes. O principal objetivo desta pesquisa foi descrever e analisar a trajetória discursiva sobre a medicalização da vida e da infância que possibilitou com que as convicções do discurso científico e médico se desdobrassem para o campo discursivo do jornalismo e, finalmente, para o campo discursivo do senso-comum no Brasil. Partindo da análise de conteúdo e análise do discurso de viés foucaultiano, foram selecionados 20 artigos da revista científica The American Journal of Psychiatry para investigação da dimensão discursa do campo científico; 20 matérias da mídia tradicional para análise da dimensão discursiva do jornalismo e postagens da comunidade social virtual ?Pais e Mães de Crianças com TDAH? da plataforma do Facebook e da página e site da ABDA ? Associação Brasileira do Déficit de Atenção para análise da dimensão discursiva do senso comum no período de 2014 à 2017. Concluiu-se que a atualidade psiquiátrica é tributária dos postulados localizacionistas e deterministas da teoria da degeneração do século XIX que se consolidaram na psiquiatria biológica de Kraepelin, no século XX. Essas premissas encontram-se imiscuídas nas publicações científicas que se desdobram para o campo jornalístico e, posteriormente, para a dimensão do senso comum. No processo de medicalização, a dimensão discursiva do jornalismo é subsidiária do discurso científico, servindo de reforço e complemento às suas convicções. Ela é parte de uma mentalidade biopolítica, atravessada pelo biopoder. As comunidades e redes sociais virtuais da dimensão do senso comum se constituem como dispositivos de formação de subjetividades e veiculação de discursos medicalizantes e tecnologias políticas de regulação de corpos, viabilizando o relacionamento dos sujeitos com o regime de verdades perpetrado pelo discurso psiquiátrico. Essas três dimensões discursivas se articulam reatualizando o paradigma da psiquiatria biológica que transforma em tratamento psiquiátrico sintomas comuns de mal-estar psíquico.Abstract: The medicalization of life and childhood is the process that defines social issues - marked by culture and historical time - in medical terms. Given this fact, this research sought to analyze the phenomenon that reduces life issues to the biological field, classifying common childhood behaviors into mental disorders. This practice causes a considerable increase in psychiatric diagnoses and unnecessary psychopharmacological treatments in children and adolescents. The main objective of this research was to describe and analyze the discursive trajectory on the medicalization of life and childhood that enabled the convictions of scientific and medical discourse to unfold into the discursive field of journalism and, finally, into the discursive field of common sense in Brazil. Based on content analysis and discourse analysis with a Foucaultian bias, 20 articles from the scientific journal The American Journal of Psychiatry were selected to investigate the discourse dimension of the scientific field; 20 articles from traditional media to analyze the discursive dimension of journalism and posts from the virtual social community ?Parents and Mothers of Children with ADHD? on the Facebook platform and the page and website of the ABDA ? Brazilian Association of Attention Deficit for the analysis of the discursive dimension of common sense in the period 2014 to 2017. It was concluded that the current psychiatric situation is a tributary of the localizationist and determinist postulates of the degeneration theory of the 19th century that were consolidated in Kraepelin's biological psychiatry in the 20th century. These premises are found ingrained in scientific publications that unfold to the journalistic field and, later, to the dimension of common sense. In the medicalization process, the discursive dimension of journalism is subsidiary to the scientific discourse, serving as a reinforcement and complement to its convictions. It is part of a biopolitical mentality, crossed by biopower. Communities and virtual social networks in the common-sense dimension are constituted as devices for the formation of subjectivities and dissemination of medicalization discourses and political technologies for regulating bodies, enabling the relationship of subjects with the regime of truths perpetrated by the psychiatric discourse. These three discursive dimensions are articulated, re-updating the paradigm of biological psychiatry that transforms common symptoms of malaise into psychiatric treatment.
Description: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política, Florianópolis, 2021.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/229760
Date: 2021


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