Um estudo comparado do impacto da crise de 2008 na posição da China e do Brasil na economia-mundo capitalista

Abstract

O objetivo desta pesquisa foi comparar os impactos da crise de 2008 nas posições da China e do Brasil na economia-mundo capitalista. Para realizá-la, empregamos o método da encompassing comparison, utilizando os Ciclos Sistêmicos de Acumulação e identificando as posições dos dois países a partir da estratificação da hierarquia mundial de riqueza e do comando econômico relativo. O segundo capítulo é a primeira etapa da comparação, onde iniciamos com a apresentação dos processos de financeirização da economia e de reestruturação produtiva mundial como os principais organizadores da conjuntura de expansão financeira do ciclo sistêmico de acumulação estadunidense (1980 à atualidade). Passamos para a identificação das articulações da China e do Brasil aos processos e percebemos que no caso chinês houve uma articulação ativa, com estabilidade e crescimento, enquanto no brasileiro houve uma articulação passiva, com instabilidade e estagnação. No terceiro capítulo, observamos a origem da crise a partir do desequilíbrio estrutural formados pelos dois processos que guiam a conjuntura e identificamos os impactos imediatos e duradouros da sua eclosão. No terceiro capítulo, realizamos a segunda etapa da comparação, analisando esses impactos na China e no Brasil e observando os seus reflexos na posição dos dois países. No período anterior à crise (1980-2008), a China assumiu uma trajetória acelerada da ascensão da sua posição tanto no indicador da estratificação da riqueza mundial como no do comando econômico relativo, enquanto o Brasil avançou timidamente no primeiro e no segundo teve um período de reversão instável (1980-2002) seguido por um curto período de avanço (2003-2008). No período posterior à crise (2009-2019), a China manteve sua trajetória de ascensão nos dois indicadores, apesar de um ritmo menor, enquanto o Brasil voltou à trajetória de estagnação e reversão observada na maior parte do período anterior à crise. Concluímos que a crise de 2008 reforçou as tendências de evolução da posição da China e do Brasil observadas durante a conjuntura de expansão financeira, apesar da diminuição do ritmo dessa evolução, causada pela redução do dinamismo da economia-mundo capitalista como um todo também causada pela crise de 2008.

Abstract: This research compared the impacts of the 2008 crisis on the structural positions of China and Brazil in the capitalist world-economy. To accomplish it, we employed the encompassing comparison method, using Systemic Cycles of Accumulation and identifying the positions of the two countries regarding the stratification of the hierarchy of world wealth and the relative economic command. The second chapter is the first step of the comparison, where we begin with the presentation of the processes of financialization of the economy and of world productive restructuring as the main organizers of the financial expansion juncture in the systemic cycle of US accumulation (1980 to the present). We moved on to the identification of the articulations of China and Brazil in these processes and realized that in the Chinese case there was an active articulation, with stability and growth, while in the Brazilian case there was a passive articulation, with instability and stagnation. In the third chapter, we observed the origin of the crisis from the structural imbalance formed by the two processes that guide the juncture and identified the immediate and lasting impacts of its outbreak. In the third chapter, we carry out the second stage of the comparison, analyzing these impacts in China and Brazil and observing their effects on the position of the two countries. In the period before the crisis (1980-2008), China assumed an accelerated trajectory of rising its position both in the indicator of the stratification of world wealth and in the relative economic command, while Brazil advanced timidly in the first and in the second it had a period of unstable reversal (1980-2002) followed by a short period of advance (2003-2008). In the period after the crisis (2009-2019), China maintained its upward trajectory in both indicators, despite a slower pace, while Brazil returned to the trajectory of stagnation and reversal observed in most of the period before the crisis. We conclude that the 2008 crisis reinforced the trends in the evolution of the position of China and Brazil observed during the context of financial expansion, despite the slowdown in the pace of this evolution, caused by the decrease in the dynamism of the capitalist world-economy as a whole, also caused by the 2008 crisis.