Objetividade das categorias: razão, sociedade e lei do valor em T. W. Adorno

Abstract

Esta dissertação apresenta a teoria crítica da racionalidade moderna do filósofo e sociólogo da Escola de Frankfurt, Theodor W. Adorno, concentrando-se no desvendamento que Adorno realiza da objetividade das categorias e da transcendentalidade objetiva da razão. Para tanto, o trabalho se inicia na análise do conceito de segundo giro copernicano e das reflexões sobre a relação entre sujeito e objeto de Adorno. Aqui, demonstra-se a tese do autor do desvendamento da objetividade social no interior da subjetividade transcendental. Com isso, é possível a Adorno ver nas categorias da razão a objetividade da sociedade. Mais especificamente, a crítica de Adorno ao primado do sujeito na filosofia moderna, sobretudo kantiano, leva ao primado do objeto na dialética negativa do autor. Isto feito, analisa-se a objetividade das categorias efetivas da dialética negativa por meio da contraposição entre os conceitos e a objetividade social. Pretende-se, com isso, provar a radical historicização até dos conceitos mais puros da dialética negativa: dos conceitos de sujeito e objeto, da compreensão de razão como dominação da natureza, de realidade, verdade, essência e aparência. Com a análise do conceito adorniano de razão busca-se apresentar a crítica da ratio burguesa, compreendida por ele como uma forma de razão instrumental que privilegia o seu momento quantitativo frente ao qualitativo, da dialética do esclarecimento interna a ela (a autorreversão da razão), e seus pressupostos sócio-filosóficos. Na análise das categorias da dialética negativa, por sua vez, busca-se compreender como a dialética adorniana se apresenta como uma forma de resistência à ratio e à objetividade dominante e como suas categorias se justificam socialmente. Por fim, o trabalho apresenta o papel central das obras de György Lukács e de Alfred Sohn-Rethel nas de Adorno, sobretudo as diferenças e semelhanças no tocante à recondução da razão e de suas categorias à objetividade da sociedade por meio da análise marxiana do fetichismo da mercadoria e das ideias de reificação e abstração real.

Abstract: This dissertation presents the critical theory of modern rationality by the Frankfurt School?s philosopher and sociologist, Theodor W. Adorno, focusing on Adorno's unveiling of the objectivity of categories and the objective transcendentality of reason. Therefore, the work begins with the analysis of the concept of the copernican second turn and the reflections on the relationship between subject and object of Adorno. Here, the author's thesis of unveiling social objectivity within transcendental subjectivity is demonstrated. Thus, it is possible for Adorno to see the objectivity of society in the categories of reason. More specifically, Adorno's critique of the primacy of the subject in modern philosophy, especially Kantian, leads to the primacy of the object in the author's negative dialectic. This done, the objectivity of the effective categories of the negative dialectic is analyzed through the opposition between the concepts and the social objectivity. It is intended, with this, to prove the radical historicization of even the purest concepts of negative dialectics: of the concepts of subject and object, of the understanding of reason as the domination of nature, of reality, truth, essence and appearance. With the analysis of the Adornian concept of reason, the aim is to present the critique of the bourgeois ratio, understood by him as a form of instrumental reason that privileges its quantitative over the qualitative moment, of the dialectic of clarification internal to it (the self-reversion of reason) , and its socio-philosophical presuppositions. In the analysis of the categories of negative dialectics, on the other hand, we seek to understand how the Adornian dialectic presents itself as a form of resistance to the dominant ratio and objectivity and how its categories are socially justified. Finally, the work presents the central role of the works of György Lukács and Alfred Sohn-Rethel in those of Adorno, especially the differences and similarities regarding the reconduction of reason and its categories to the objectivity of society through the Marxian analysis of fetishism of the commodity and of the ideas of reification and real abstraction.