dc.contributor |
Universidade Federal de Santa Catarina |
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dc.contributor.advisor |
Daura-Jorge, Fábio Gonçalves |
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dc.contributor.author |
Pereira, João Victor Silva do Valle |
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dc.date.accessioned |
2022-02-14T13:31:18Z |
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dc.date.available |
2022-02-14T13:31:18Z |
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dc.date.issued |
2021 |
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dc.identifier.other |
374359 |
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dc.identifier.uri |
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/231011 |
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dc.description |
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2021. |
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dc.description.abstract |
A pesca artesanal de pequena escala é uma atividade incerta e desafiadora. Além de eventuais flutuações na disponibilidade do recurso pesqueiro, a dinâmica da pesca artesanal também é influenciada pelas habilidades intrínsecas de forrageio e tomada de decisão dos pescadores. Os pescadores normalmente variam em seus objetivos, experiências e táticas, muitas vezes buscando aperfeiçoar sua performance de pesca. No entanto, pouco se sabe sobre a influência da variação comportamental no sucesso de captura de pescadores artesanais. Em Laguna, sul do Brasil, uma comunidade de pescadores artesanais interage com uma população de botos-da-tainha (Tursiops truncatus cf. gephyreus). Enquanto botos conduzem cardumes de presas (principalmente Mugil liza, a tainha) até uma linha de pescadores posicionada paralela à margem, estes aguardam um evento comportamental específico dos botos, que interpretam como ?sinal? para lançar suas tarrafas. Esta interação, tanto para botos como para pescadores, requer sincronismo e nuances comportamentais, e é um bom estudo de caso para avaliar performance e habilidades que possam maximizar o sucesso de captura. Além disso, este sistema contém pescadores amadores e profissionais, os quais têm diferentes percepções do sistema boto-pescador como resultado de suas experiências e ambientes sociais. Isso gera uma variação na percepção de reputação que os pescadores têm dos outros membros da comunidade pesqueira. Considerando tais diferenças comportamentais (e.g., como e onde lançam suas tarrafas) que podem afetar o sucesso na pesca com os botos e as diferentes percepções e relações sociais, minha dissertação tem dois objetivos principais. No primeiro capítulo, investigo como diferenças comportamentais e condições ambientais locais podem influenciar o sucesso de captura dos pescadores artesanais que interagem com botos. Ao combinar uma amostragem ambiental in situ com uma amostragem comportamental em escala fina por vídeos aéreos, demonstro maior capturabilidade de peixes entre os pescadores que estão mais bem posicionados na água e lançam suas tarrafas mais abertas e mais perto dos botos. Também descobri que as diferenças nas habilidades de lançamento de tarrafas afetam o sucesso dos pescadores artesanais sobre as condições ambientais relacionadas à disponibilidade de peixes. Isto sugere que estas variações de performance que maximizam o sucesso de captura não são respostas imediatas a variações na disponibilidade de recursos, mas sim resultante da experiência e conhecimento sobre o sistema, adquiridos pelos pescadores. Dessa forma, manter este conhecimento e habilidades adquiridas pode ser essencial para garantir os benefícios aos pescadores que interagem com botos. No segundo capítulo, investigo a relação entre a posição dos pescadores em sua rede social (centralidade) e a reputação dentro da comunidade pesqueira local. Busquei também avaliar a existência de preferências sociais em torno dessa reputação dos pescadores, isto é, se há uma preferência dos pescadores se associarem com outros pescadores de alta reputação. Além disso, avalio se essas relações sociais se mantêm quando os pescadores estão forrageando ou quando não estão forrageando, ou seja, em contextos comportamentais distintos. Para isso, registrei a localização dos pescadores por meio de pulseiras com GPS e acessei os índices de reputação dos pescadores artesanais, como por eles percebidos em entrevistas semiestruturadas de projetos paralelos. Em seguida, usei os dados de GPS para estabelecer grupos espaço-temporais de indivíduos nos diferentes contextos comportamentais e, finalmente, quantifiquei e testei se a centralidade se relaciona com a reputação e calculei os coeficientes de assortatividade em torno da reputação. Encontrei uma tendência de indivíduos de alta reputação serem mais socialmente centrais, especialmente no contexto de não forrageio, isto é, local onde os pescadores esperam os botos na praia e descansam, um ambiente socialmente mais favorável. Além disso, encontrei que os pescadores não tendem a se relacionar com pescadores de reputação similar em ambos os contextos (?forrageio? e ?não-forrageio). Durante o forrageio, essa descoberta reforça a robustez das regras informais do sistema boto-pescador, as quais permitem que qualquer pescador possa usar qualquer um dos pontos de pesca (vagas), e pode sugerir que pescadores com baixa reputação tentam se aproximar dos pescadores de alta reputação, os quais são percebidos como os pescadores que têm maior sucesso de captura e que têm um entendimento melhor do sistema. No contexto de ?não-forrageio?, onde interações sociais são mais pronunciadas, novamente os pescadores não tendem a se relacionar com similares em relação a reputação, o que sugere que as preferencias sociais de um pescador são independentes da reputação dos outros. Esses resultados também podem sugerir que pescadores com baixa reputação estão tentando criar relações com pescadores de alta reputação, a fim de adquirir conhecimento (por meio de troca de informação) e possíveis parcerias para cooperar na pesca com os botos. Concluo e reforço a importância da variação comportamental de pescadores em pescas artesanais de pequena escala, que pode, por exemplo, contribuir para uma melhor avaliação do uso do recurso pesqueiros. Além disso, é importante saber como os pescadores variam seu comportamento frente a flutuações ambientais e a disponibilidade de presas. Em pescas artesanais, essa variação não deve ser ignorada em estratégias de manejo pois, como demonstrado nesse estudo, variações comportamentais são relevantes para o sucesso dos pescadores, assim ajudando na persistência de pescas tradicionais centenárias. |
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dc.description.abstract |
Abstract: Small-scale artisanal fishing is an uncertain and challenging activity. In addition to fluctuations in the availability of fishing resources, the dynamics of artisanal fishing is also influenced by the intrinsic foraging skills and decision-making processes of fishers. Fishers typically vary in their goals, experiences and tactics, often seeking to improve their fishing performance. However, little is known about the influence of behavioural variation on the catch success of artisanal fishers. In Laguna, southern Brazil, a community of artisanal fishers interacts with a population of Lahille?s bottlenose dolphins (Tursiops truncatus cf. gephyreus). The dolphins lead fish schools (mainly Mugil liza, the mullet) to a line of fishers positioned parallel to the shore, the fishers await a specific behavioural event from the dolphins, which they interpret as a 'signal' to cast their cast nets. This interaction, for both dolphins and fishers, requires timing and behavioural nuances, and is a good study case for evaluating performance and skills that can maximize catching success. In addition, this system contains both amateur and professional fishers, who have different perceptions of the dolphin-fisher system as a result of their experiences and social environments. This creates a variation in the perception of peer reputation that fishers have with other members of the fishing community. Considering such behavioural differences (e.g., how and where they cast their nets) that can affect the success of fishing with the dolphins and the different perceptions and social relationships, my dissertation has two main objectives. In the first chapter, I investigate how behavioural differences and local environmental conditions can influence the catching success of artisanal fishers that interact with dolphins. By combining in situ environmental sampling with fine-scale behavioural sampling by aerial videos, I demonstrate greater fish catchability among fishers who are well positioned in the water and cast their nets wide open and closer to the dolphins. I have also found that differences in casting skills affect artisanal fishers' success over and above environmental conditions related to fish availability. This suggests that these performance variations that maximize capture success are not immediate responses to variations in resource availability, but rather result from experience and knowledge about the system acquired by fishers. Thus, maintaining this knowledge and acquired skills can be essential to ensure benefits to fishers who interact with dolphins. In the second chapter, I investigate the relationship between the position of the fisher in their social network (centrality) and reputation within the local fishing community. I also sought to assess the existence of social preferences around this the fisher reputation, that is, if there is a preference for fishers to associate with other highly reputable fishers. Furthermore, I assess whether these social relationships are maintained when fishers are foraging or when they are not foraging, that is, in different behavioral contexts. For this, I recorded the fishers' location using GPS wristbands and accessed the artisanal fishers' reputation indexes, as perceived by themselves in semi-structured interviews of parallel projects. Next, I use the GPS data to establish spatiotemporal groups in our different behavioural contexts, and finally I quantified and tested whether centrality is related to reputation and calculated the assortativity coefficients around reputation. I found a tendency of high reputation fishers to be more socially central, especially in the non-foraging context, that is, where fishers wait for the dolphins on the beach and rest, a more socially favorable environment. Furthermore, I found that fishers do not tend to associate to fishers of similar reputation in both contexts ('foraging' and 'non-foraging'). During foraging, this finding reinforces the robustness of the informal rules of the dolphin-fisher system, which allow any fisher to use any of the fishing spots and may suggest that low-reputed fishers try to approach high-reputation fishers, who they perceive as the fishers who have the greatest fishing success and who have a better understanding of the system. In the 'non-foraging' context, where social interactions are more pronounced, again fishers do not tend to relate to similar in terms of reputation, suggesting that a fishers' social preferences are independent of the reputation of others. These results may also suggest that fishers with low reputations are trying to build relationships with fishers of high reputation in order to gain knowledge (through information exchange) and possible partnerships to cooperate in fishing with the dolphins. I conclude and reinforce the importance of behavioural variation of fishers in small-scale artisanal fisheries, which can, for example, contribute to a better assessment of fish stocks. Furthermore, it is important to know how fishers vary their behaviour in the face of environmental fluctuations and prey availability. In artisanal fisheries, this variation should not be ignored in management strategies because, as shown in this study, behavioral variations are relevant to the fishers' success, thus helping the persistence of centuries-old traditional fisheries. |
en |
dc.format.extent |
80 p.| il., gráfs. |
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dc.language.iso |
por |
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dc.subject.classification |
Ecologia |
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dc.subject.classification |
Pesca artesanal |
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dc.subject.classification |
Golfinho nariz-de-garrafa |
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dc.subject.classification |
Interação social |
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dc.title |
Variação no comportamento e performance de pescadores artesanais que interagem com botos |
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dc.type |
Dissertação (Mestrado) |
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dc.contributor.advisor-co |
Cantor, Maurício |
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