A práxis do enfermeiro nos centros especializados de reabilitação de Santa Catarina

Abstract

Introdução: Ainda são poucos os países que reconhecem a enfermagem de reabilitação como especialidade, influenciando a baixa adesão científica para publicações sobre a temática, bem como impactando substancialmente na prática cotidiana desses profissionais. Em 2011 foi sancionada a Política Nacional da Pessoa com Deficiência, chamada Viver sem Limites, que determina planos de redes de atenção, implementação de Centros Especializados com profissionais capacitados, sendo os enfermeiros um desses profissionais. Objetivo: Analisar a práxis do enfermeiro atuante nos Centros Especializados de Reabilitação de Santa Catarina, a partir da percepção destes profissionais. Método: Pesquisa de abordagem qualitativa baseado no método de estudo de caso através da análise de dados documentais e entrevistas com enfermeiros lotados nos centros especializados referenciados no estado. Os dados foram analisados por meio da narrativa de Minayo sobre Análise de Conteúdo. Resultados: Os enfermeiros de reabilitação na realidade brasileira enfrentam diariamente a incipiência científica e teórica na prática clínica, ficando claro que a práxis desses profissionais é obstaculizada pelas lacunas de conhecimento, ao mesmo tempo que impulsionadas pela troca multiprofissional e abordagem social de saúde. O enfermeiro de reabilitação amplia os olhares sobre o cuidado quando deixa de fazer pelo outro e torna-o protagonista da própria história, além de que a reabilitação promove ajustes e reajustes cotidianamente para um bem-viver na sociedade. Discussão: Os enfermeiros de reabilitação, mesmo em quantitativo ínfimo, procuram diariamente pelo reconhecimento da sua prática individualmente, nadando de maneira montante sem estímulo governamental da área. Esses esforços corroboram para as lutas sociais que surgem sobre a assistência às pessoas com deficiência e trazem à tona o uso obsoleto de paciente pela prática clínica ainda enraizada em perspectivas biológicas e médicas centradas. Posto isto, a enfermagem de reabilitação não é tão somente uma especialidade entre tantas outras, mas sim uma filosofia de trabalho que amplia o olhar sobre a pessoa, comunidade e profissão. O sujeito ativo no cuidado participa da construção do seu processo de reabilitação. Considerações finais: Este estudo entendeu que a práxis do enfermeiro na reabilitação é permeada de desafios e contradições, e assim, atingiu o objetivo proposto. Ainda, colaborou para a visibilidade para a enfermagem na reabilitação, área claramente incipiente.