Trabalhadores invisíveis? a percepção de servidores de um laboratório de análises clínicas sobre a biossegurança na pandemia

Abstract

Devido à pandemia do coronavírus, a restrição na circulação de pessoas, conhecida como ‘‘lockdown’’ induziu muitos trabalhadores ao “home office”. No entanto, entre os trabalhadores da saúde, um dos grupos mais expostos à doença, essa alternativa não estava disponível. O objetivo geral deste estudo foi avaliar a percepção da biossegurança pelos profissionais do laboratório clínico de um Hospital Universitário durante a pandemia, e seu impacto na vida diária. Como ferramenta de estudo foi utilizado um questionário aplicado de forma eletrônica e física aos trabalhadores lotados nas áreas: administrativa, de limpeza e higienização, coleta, recepção e realização de exames. O questionário abordou temáticas como: disponibilidade de equipamentos de proteção individual (EPI), treinamentos e também uma autoavaliação do trabalhador sobre o impacto da pandemia em sua saúde geral. As respostas dos 43 participantes indicaram oportunidades de melhoria em processos como afastamento de indivíduos com perfil de risco, divulgação dos serviços de suporte emocional e outros apoios oferecidos pela instituição. Foi relatada a carência no fornecimento de jalecos descartáveis e orientação sobre danos dermatológicos causados por EPI. De modo geral, os servidores não se sentiram valorizados pelo empregador e vivenciaram um conjunto de sentimentos negativos decorrentes de suas ocupações no contexto pandêmico. Por outro lado, foram observadas flexibilização da carga-horária de trabalho, oferta de local de descanso e atendimento médico, sensação de valorização pela sociedade, prazer e orgulho em exercer as atividades profissionais, e especialmente por contribuir com a saúde coletiva neste momento histórico crítico. Por fim, considerou-se uma percepção positiva pelos trabalhadores sobre a biossegurança.