Análise do uso do termo integral e expressões análogas nos rótulos dos alimentos industrializados formulados à base de cereais e pseudocereais

Abstract

A busca por alimentação saudável vem crescendo nos últimos anos e os alimentos integrais, formulados à base de cereais e pseudocereais, participam desta tendência, tendo sido recomendados por diretrizes nacionais e internacionais. Em função disso, observa-se cada vez mais a presença de alimentos industrializados com o termo integral nos supermercados. No Brasil, não existe legislação em vigor que regulamenta a utilização do termo integral nos rótulos dos alimentos disponíveis para venda. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar o uso do termo integral e outras expressões análogas presentes nos rótulos dos alimentos industrializados formulados à base de cereais e pseudocereais. Foram analisados os rótulos de alimentos industrializados formulados à base de cereais e pseudocereais (n=1564) provenientes de um censo de rótulos de alimentos e bebidas realizado em 2020 em um supermercado brasileiro. Esses alimentos foram classificados em três grupos conforme a legislação de rotulagem nutricional. Foi verificada a frequência absoluta e relativa do uso do termo integral e de expressões análogas nos painéis frontais dos rótulos de alimentos industrializados. Dos alimentos analisados (n=1564), 719 (45,9%) alimentos pertenciam ao Grupo com produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes e tubérculos, 647 (41,3%) ao Grupo de açúcares e produtos com energia proveniente de carboidratos e gorduras e 198 (12,6%) ao Grupo com molhos, temperos prontos, caldos, sopas e pratos preparados. Desses 1564 alimentos, 175 (11,2%) apresentaram o termo integral, 14 (0,9%) apresentaram expressões análogas e 66 (4,2%) apresentaram o termo integral concomitante com expressões análogas. Dentre as expressões análogas mais encontradas, destaca-se “selo de cereal integral”, “cereais integrais” e “7 grãos 100% integrais”. A regulamentação de legislação relacionada aos alimentos formulados à base de cereais e pseudocereais pode facilitar o entendimento dos consumidores em relação à rotulagem desses alimentos, e ocasionalmente, permitir que realizem escolhas alimentares mais informadas. Espera-se que os resultados deste estudo contribuam com a regulamentação de políticas públicas em relação à rotulagem de alimentos, principalmente de alimentos integrais, bem como sirvam de conhecimento teórico para os profissionais da saúde, especialmente da área de Nutrição.