Microvesículas de células sanguíneas, endoteliais e da musculatura lisa, e sua participação nas etapas da aterosclerose: revisão de literatura

Abstract

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, tendo como principal agravo a aterosclerose. Essa doença inflamatória crônica pode ser desencadeada por diversos fatores como maus hábitos de vida e alimentares, diversas doenças, entre outros. Entretanto, o que vários estudos das últimas duas décadas têm demonstrado é que existe outro fator importante contribuindo tanto positivamente, mas principalmente negativamente nas variadas etapas do processo aterosclerótico. Este fator são as microvesículas, estruturas oriundas de células circulantes, endoteliais e da musculatura lisa. Essas estruturas nanométricas são um tipo específico de vesículas liberadas a partir da membrana plasmática de células eucarióticas: quando essas são ativadas, sofrem apoptose ou outra ação que cause alterações morfológicas estruturais em sua membrana, permitindo a formação e liberação dessas vesículas. As microvesículas são estruturas formadas basicamente por bicamada fosfolipídica com exposição da fosfatidilserina (frequentemente), lipídios bioativos, proteínas internas e externas, remanescentes de RNA, além de conter marcadores específicos provenientes da sua célula de biogênese. Quando expostas ao meio extracelular, essas vesículas podem desempenhar diversas funções tanto em processos fisiológicos quanto fisiopatológicos. Na aterosclerose, podem participar do dano vascular, do desenvolvimento da inflamação, da calcificação vascular, da progressão do ateroma, da ruptura da placa e da formação do trombo. Como há uma relação entre a concentração das microvesículas e os distúrbios tromboembolíticos, pressupõe-se que essas vesículas possam ser usadas como biomarcadores sinalizadores do desenvolvimento da aterosclerose, pois tais estruturas estão presentes em elevada concentração na circulação sanguínea de indivíduos com alto risco para as doenças cardiovasculares.

According to the World Health Organization, cardiovascular diseases are the leading cause of death in the world, with atherosclerosis as the main aggravation. This chronic inflammatory disease can be triggered by several factors such as poor living and eating habits, various diseases, among others. However, what several studies of the last two decades have shown is that there is another important factor contributing both positively, but mainly negatively, in the various stages of the atherosclerotic process. This factor is the microvesicles, structures originating from circulating cells, endothelial cells and smooth muscle. These nanometric structures are a specific type of vesicles released from the plasma membrane of eukaryotic cells: when they are activated, they undergo apoptosis or another action that causes structural morphological changes in their membrane, allowing the formation and release of these vesicles. Microvesicles are structures formed basically by a phospholipid bilayer with exposure of phosphatidylserine (often), bioactive lipids, internal and external proteins, RNA remnants, in addition to containing specific markers from their biogenesis cell. When exposed to the extracellular environment, these vesicles can play several roles in both physiological and pathophysiological processes. In atherosclerosis, they may participate in vascular damage, the development of inflammation, vascular calcification, atheroma progression, plaque rupture, and thrombus formation. As there is a relationship between the concentration of microvesicles and thromboembolic disorders, it is assumed that these vesicles can be used as biomarkers that signal the development of atherosclerosis, as these structures are present in high concentration in the bloodstream of individuals at high risk for the cardiovascular diseases.