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A vitamina D está inserida em um grupo de moléculas secosteróides lipofílicas estudadas há décadas, que possuem uma ampla gama de funções no organismo humano. A vitamina D é obtida principalmente pela exposição solar, visto que o 7-dehidrocolesterol, presente na pele humana, quando exposto à luz solar (raios UV-B no comprimento de onda entre 280–315 nm), a sintetiza endogenamente. Acerca do grupo da vitamina D, há destaque para as moléculas vitamina D2 e vitamina D3, principalmente para esta segunda forma, visto que os metabólitos resultantes a partir desta apresentam maior tempo de meia vida e são mais bem reconhecidos pelos receptores comparados aos demais. Entretanto, a vitamina D3 por si só não é biologicamente ativa, sendo necessário duas hidroxilações – a primeira no fígado e a segunda nos rins – para produzir o metabólito mais ativo: a 1α,25(OH)2 D3 (1,25-D3). Diversos órgãos são impactados pela 1,25-D3, sendo que a presença do receptor de vitamina D3 (VDR) e do gene CYP27B1 determinam quais são os alvos do metabólito. No intestino, há forte relação da 1,25-D3 com a absorção de cálcio e de fósforo, o que acaba por impactar a saúde óssea, visto que os ossos são formados principalmente por estes dois minerais. A absorção de cálcio intestinal influenciada pela 1,25-D3 também interfere na secreção de PTH, sugerindo-se inclusive uma relação entre a deficiência de 1,25-D3 e o desenvolvimento de hiperparatireoidismo secundário. Já nos rins, a 1,25-D3 está relacionada com a reabsorção de cálcio e com a prevenção de diversas patologias renais, como o carcinoma de células renais e doença renal crônica. Ainda, no sistema imunológico, a 1,25-D3 tem efeito anti-inflamatório, auxiliando na regulação da inflamação, sendo cotada como possível adjuvante no tratamento de doenças autoimunes. No sistema cardiovascular, a 1,25-D3 é apontada como protetora em relação a algumas patologias, como aterosclerose, hipertensão, trombose e hipertrofia cardíaca. Por fim, no sistema nervoso central, infere-se que a concentração sérica de 25(OH) D3 (forma circulante da 1,25-D3) pode exercer grande impacto no surgimento e na progressão da depressão e da doença de Alzheimer, por exemplo. A excreção da 1,25-D3 é feita principalmente pelo FGF23 e intoxicação por este metabólito é bastante rara. |
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