Ser liberto nas terras do Cubatão: uma comunidade preta/parda na freguesia da Enseada de Brito (1780-1890)

Abstract

Esta monografia de conclusão de curso busca reconstituir a história de uma comunidade de afrodescendentes libertos e livres na freguesia da Enseada de Brito desde os primeiros anos do século XIX. Pensando, ao mesmo tempo, na experiência de ser liberto no início do século XIX, nesta localidade. Para tanto, foram utilizados como fontes principais os documentos eclesiásticos de batismo, casamento e óbito da paróquia da Nossa Senhora do Rosário da Enseada de Brito, além de registros de outras paróquias da região. Para além deste objetivo principal, buscamos lançar contribuições para o debate de temas como escravidão e liberdade, formação de comunidades afrodescendentes, relações de afeto entre libertos como forma de resistência ao sistema escravista e a presença de libertos na Enseada de Brito. Os personagens principais deste presente estudo, a família Costa e suas relações, nos levam à formação e são as raízes das comunidades quilombolas: Caldas do Cubatão e Tabuleiro, que resistem e lutam nos dias atuais pelo direito às suas terras. Algumas estratégias utilizadas por esses libertos e pretos e pardos livres no século XIX, como a repetição de nomes para a continuidade da história familiar antepassada, os casamentos intrafamiliares, a busca por territórios com áreas de ocupação rural possíveis, nos trazem possibilidades para pensar o contexto de outras famílias e comunidades de libertos anteriores à abolição oficial.