Expansão urbana em áreas suscetíveis à inundação no município de Itajaí (SC) entre 1985 e 2021

Abstract

As inundações são desastres naturais que regularmente impactam o município de Itajaí (SC). Com a ocupação sem regularização desde a formação dos primeiros núcleos urbanos no início da colonização e inexistentes políticas públicas de prevenção e disponibilização de habitações regulares para a população em áreas de risco, os danos desses eventos são enormes em eventos de grande escala como os de 2008 e 2011. O sensoriamento remoto, dotado de ferramentas de análise espacial, se faz um ótimo recurso para compreender a expansão urbana sobre áreas suscetíveis a inundação. Dessa forma, este trabalho desenvolveu uma análise acerca da expansão da malha urbana de Itajaí na mancha de inundação resultante dos últimos cinco grandes eventos, através da aplicação de índices espectrais em imagens Landsat 5 e Landsat 8 entre 1985 e 2021, com intervalo médio de 5 anos. Dos quatro índices testados para identificação de alvos urbanos (EBBI, NDBI, NDVI e UI), o Urban Index foi o mais acurado em relação ao dado de referência do MapBiomas, apresentando acurácia média de 80,83%. Mesmo sendo o mais eficiente, o índice possui obstáculos para áreas com grande número de talhões agrícolas em reforma ou com o solo exposto, tendo em vista que a resposta espectral se assemelha muito com a de estruturas urbanas. A delimitação da mancha de inundação, que representa cerca de 42% do território de Itajaí, mostrou que aproximadamente 80% das áreas urbanas estão alocadas dentro de áreas suscetíveis a inundações. Identificou-se uma média de crescimento urbano maior na área da mancha que para o município como um todo na maior parte dos recortes, com exceção do período entre 2010 e 2015. Esta diferença pode ser explicada pelos grandes eventos de 2008 e 2011 que acometeram o município, trazendo novamente à tona os perigos de residir em áreas de risco à inundação e freando a ocupação. Contudo, com o esquecimento do desastre por parte da administração pública e da população sem opções de acesso à moradia, essas mesmas áreas voltam a ser ocupadas.