Abstract:
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Sabe-se que as doenças do século, como ansiedade, depressão, obesidade e insônia, estão intimamente relacionadas com o ambiente construído e com o período que despendemos sob sua influência. Nesse contexto, as crianças requerem especial atenção, visto que a infância é objeto que não pode ser negligenciado e o espaço em si representa uma das principais fontes de estímulos nessa fase da vida. Um ambiente estimulante, portanto, pode ser decretório no progresso de habilidades e capacidades cognitivas que vão perdurar até a fase de maturidade plena do sistema nervoso, demonstrando a imensa responsabilidade que é pensar o espaço.
Diante destas provocações, este trabalho tem como objetivo estabelecer diretrizes consideradas relevantes para projetar um espaço público de qualidade para crianças, intencionando tanto a diversão, quanto critérios essenciais para um desenvolvimento cognitivo efetivo. Ao final, propõem-se equipamentos urbanos para exemplificar a transposição da teoria à prática, resultando em oportunidades para que a criança se aproprie e viva a rua. As diretrizes, todavia, são aplicáveis a diversos tipos de espaços públicos e contextos, visto que o propósito principal é promover uma mudança no paradigma da vivência das crianças na cidade.
A partir da fundamentação teórica, buscou-se um aprofundamento no estudo da relação criança-ambiente, além de uma compreensão aprimorada de como ocorre o progresso infantil e quais incentivos o espaço pode fornecer para enriquecer esse processo. Em outras palavras, um discernimento sobre a influência do espaço público no desenvolvimento infantil. Indagou-se, também, sobre quais circunstâncias nos levaram ao cenário atual, no qual as crianças não brincam na rua, com a pretensão de elucidar como reconquistar os vínculos rompidos entre criança e cidade. Esse conjunto de informações foi essencial para estabelecer as diretrizes projetuais, que posteriormente foram ponderadas em um estudo de caso realizado em um playground. Vale destacar, ainda, que o pensamento crítico proposto neste trabalho é idealizado a partir da interseção de campos de conhecimento distintos aplicados ao desenho urbano. Apresenta-se aportes relacionados à psicologia ambiental, neurociência aplicada à arquitetura, design baseado em evidências, planejamento urbano, sociologia da infância e pedagogia, refletindo em uma leitura transdisciplinar a respeito desta temática. |