Evangélicas em (des)igrejamento: interpelações de gênero e sexualidade nas práticas de igrejar e desigrejar

Abstract

Esta pesquisa se propõe a delinear experiências evangélicas em (des)igrejamento e suas interpelações de gênero e sexualidade. Por meio de uma etnografia e de uma inspiração autoetnográfica, realizamos 11 entrevistas semiestruturadas junto a evangélicas (auto)identificadas como desigrejadas. Inferimos que a constituição mútua de práticas sociais de igrejar e desigrejar, evocadas a partir da categoria analítica de (des)igrejamento, poderiam servir à análise dos processos não lineares de despertencimento institucional evangélico. A noção de desigrejar, associada ao desvio e/ou expulsão, nos serviu para explicar como experiências de despertencimento a comunidades de fé (seja por escolha ou violência) estão associadas ao embate entre códigos morais e posicionamentos políticos. Experiências de performatividades de gênero e práticas sexuais dissidentes e o encontro com interpelações feministas/progressistas apareceram na narrativa de desconstrução de leituras hegemônicas da bíblia, a partir da urgência de fazer o texto bíblico dar sentido às \"vidas vividas\" em suas múltiplas \"possibilidades de existência\".

Abstract: This study aims to outline evangelical experiences in regards to (un)churching and its gender and sexuality questions. Through ethnography and autoethnographic inspiration, 11 semi-structured interviews were conducted with evangelicals who (self-)identified as having been unchurched. It was possible to infer that the mutual constitution of the social practices of to church and to unchurch, evoked from the analytical category of (un)churching, could serve in the analysis of nonlinear processes of evangelical institutional awakening. The notion of unchurching, associated with deviation and/or expulsion, helped us to explain how experiences unchurching from communities of faith (whether by choice or violence) are associated with the clash between moral codes and political positions. Experiences of gender performativities and dissident sexual practices and the encounter with feminist/progressive interpellations appeared in the narrative of deconstruction of hegemonic readings of the Bible, from the urgency of making the biblical text give meaning to \"lives lived\" in its multiple \"possibilities of existence\".