Além do silêncio: uma análise sobre violência sexual com homens a partir dos Boletins de Ocorrência de Santa Catarina

Abstract

A dissertação aborda a violência sexual contra homens adultos a partir dos dados dos Boletins de Ocorrência (BO), de 2010 a 2020, registrados nas delegacias de Santa Catarina ? Brasil. Os estudos feministas e de gênero demonstram que socialmente os homens são associados a características como força, invulnerabilidade e dominação. Como consequência, entende-se as situações de violência sexual com esse segmento como impraticável, resultando em incipiente produção bibliográfica e políticas públicas de proteção. Na pesquisa, a literatura demonstrou que são poucas as teses/dissertações e artigos sobre violência sexual com homens, com escassas publicações que discutam, exclusivamente, tal realidade. O fornecimento dos dados secundários pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP/SC) foi processado em variáveis quantificáveis pelo software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). A análise, de base metodológica quantitativa, concentrou-se na caracterização da violência sexual, dos autores e dos homens em situação de violência sexual utilizando de critérios de inferências e comparações. Os resultados demonstraram que entre os anos 2010-2020 houve 970 registros de boletins de ocorrência de violência sexual contra homens de 18 a 80 anos, indicando média anual de 97 casos de BO de homens em Santa Catarina. As principais formas de violações registradas foram o assédio sexual, estupro e importunação em lugar público, com a predominância de ocorrências nas cidades de Timbó Grande, Descanso, Braço do Norte, Balneário Camboriú e Concórdia através da média número de violações/população. As violências foram praticadas, principalmente, no período noturno/madrugada. A média etária dos homens em situação de violência sexual foi de 31 anos, com predomínio de violações cometidas contra jovens de 18 a 24 anos. 35,1% dos homens agredidos eram analfabetos ou possuíam ensino fundamental incompleto, indicando como as principais profissões estudante (18,1%) e não trabalha/desempregado (12,6%). Tratando-se da raça/cor, 73,8% são homens brancos, mas houve expressiva incompletude de dados referente a essa variável.

Abstract: The dissertation addresses sexual violence against adult men based on data from the Bulletins of Occurrence (BO), from 2010 to 2020, registered in the police stations of Santa Catarina - Brazil. Feminist and gender studies demonstrate that men are socially associated with characteristics such as strength, invulnerability, and domination. Therefore, situations of sexual violence against this segment are understood as impracticable, resulting in incipient bibliographic production and public protection policies. In the research, the literature showed that there are few theses/dissertations and articles on sexual violence against men, with few publications that exclusively discuss this reality. The provision of secondary data by the Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP/SC) was processed into quantifiable variables by the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) software. The analysis, with a quantitative methodological basis, focused on the characterization of sexual violence, the perpetrators, and men in situations of sexual violence using inference and comparison criteria. The results showed that between the years 2010-2020 there were 970 reports of sexual violence against men aged 18 to 80 years, indicating an annual average of 97 cases of BO in men in Santa Catarina. The main forms of violations recorded were sexual harassment, rape, and harassment in public places, with the predominance of occurrences in the cities of Timbó Grande, Descanso, Braço do Norte, Balneário Camboriú and Concórdia through the average amount of violations/population. The violence was practiced mainly at night/dawn. The average age of men in situations of sexual violence was 31 years old, with a predominance of rapes committed among young people between 18 and 24 years old. 35.1% of the men attacked were illiterate or had incomplete elementary education, indicating students (18.1%) and not working/unemployed (12.6%) as the main professions. In terms of race/color, 73.8% are white men, but there was a significant incompleteness of data regarding this variable.