Proposta metodológica para auxílio na classificação de estágios de regeneração natural de Mata Atlântica em Santa Catarina

Abstract

No início do século XXI, investigações acadêmicas passaram a ser conduzidas a fim de promover maior entendimento a respeito dos obstáculos existentes para a adequada aplicação dos dispositivos da resolução CONAMA nº 04/1994. A legislação estipula variáveis qualitativas e semiquantitativas que devem ser avaliadas para classificação de estágios de regeneração, no entanto, são escassos os trabalhos que procuram investigar métodos de análise dessas variáveis, não dendrométricas. A classificação da vegetação florestal por meio de variáveis qualitativas encontra desafios para sua implementação, uma vez que é necessário retirar a subjetividade do processo de amostragem e equilibrar as variações dos esforços amostrais. A interpretação de estágios de regeneração florestal com base em variáveis não dendrométricas (qualitativas e semiquantitativas) encontra raízes na fitossociologia clássica ou sigmatista, cuja proposta central é a caracterização das comunidades por meio do registro de listas florísticas e percentuais de cobertura dos elementos componentes (espécies, estratos, formas de vida). Este trabalho teve como objetivo geral propor metodologia para classificação de estágios de regeneração florestal, utilizando elementos da fitossociologia clássica adaptados para a classificação dos estágios de regeneração florestal, com base no reconhecimento da biodiversidade e complexidade do ecossistema ? e considerando o texto legislativo. Como resultados, o trabalho apresentou proposta metodológica alinhada com as prerrogativas constitucionais. A amostragem de táxons, estratos, formas de vida e interpretação de sua conformação levou em conta a lei nº 11428/2006, artigo 4º, § 2º, incisos I a IX. A estrutura básica da proposta metodológica consistiu em: estratificação horizontal da vegetação; amostragem; análise de dados; interpretação dos resultados, em que se define o estágio de regeneração florestal. A proposta metodológica estabeleceu a amostragem da vegetação por meio de formulários padronizados. A análise de dados proposta foi por meio da comparação dos dados registrados no formulário padronizado, juntamente com dados de IVI das espécies arbóreas obtidos por meio de inventário florestal, com o quadro geral de análise de dados, formulado com base na resolução CONAMA nº 04/1994 e aprofundamentos teóricos referentes às variáveis florestais em análise. Para interpretação dos resultados, propôs-se a integração de resultados dendrométricos de DAP médio e altura média. Para cada variável florestal integrante da etapa final do processo de classificação sucessional proposto (intepretação de resultados), atribuiu-se um valor numérico, relacionando as características registradas com o estágio de regeneração florestal ao qual seriam correspondentes, sendo: inicial = 1; médio = 2; avançado = 3; floresta primária = 4. A definição de estágio de regeneração proposta foi por meio da média aritmética ponderada entre os valores numéricos atribuídos a cada variável florestal integrante da proposta, definindo um índice de estágio (Ie). A definição de estágio de regeneração decorre do Ie obtido: 1 < Ie < 2: estágio inicial de regeneração; 2 < Ie < 3: estágio médio de regeneração; 3 < Ie < 4: estágio avançado de regeneração; Ie = 4: floresta primária.

Abstract: At the beginning of the 21st century, academic investigations began to be conducted in order to promote greater understanding of the existing obstacles to the proper application of the provisions of CONAMA resolution nº 04/1994. The legislation stipulates qualitative and semi-quantitative variables that must be evaluated for the classification of stages of regeneration, however, there are few studies that seek to investigate methods of analysis of these variables, not dendrometric. The classification of forest vegetation through qualitative variables faces challenges for its implementation, since it is necessary to remove subjectivity from the sampling process and balance variations in sampling efforts. The interpretation of forest regeneration stages based on non-dendrometric variables (qualitative and semi-quantitative) finds roots in classical or sigmatist phytosociology, whose central proposal is the characterization of communities through the registration of floristic lists and percentages of coverage of the component elements (species , strata, life forms). The general objective of this work was to propose a methodology for classifying forest regeneration stages, using elements of classical phytosociology adapted for the classification of forest regeneration stages, based on the recognition of biodiversity and ecosystem complexity ? and considering the legislative text. As a result, the work presented a methodological proposal aligned with the constitutional prerogatives. The sampling of taxa, strata, life forms and interpretation of their conformation took into account Law No. 11428/2006, article 4, § 2, items I to IX. The basic structure of the methodological proposal consisted of: horizontal stratification of vegetation; sampling; data analysis; interpretation of results, in which the stage of forest regeneration is defined. The methodological proposal established the sampling of vegetation through standardized forms. The proposed data analysis was carried out by comparing the data recorded in the standardized form, together with IVI data of tree species obtained through forest inventory, with the general data analysis framework, formulated based on CONAMA resolution nº 04/ 1994 and theoretical insights regarding the forest variables under analysis. To interpret the results, it was proposed to integrate dendrometric results of mean DBH and mean height. For each forest variable that is part of the final stage of the proposed successional classification process (interpretation of results), a numerical value was assigned, relating the characteristics recorded with the stage of forest regeneration to which they would correspond, being: initial = 1; average = 2; advanced = 3; primary forest = 4. The proposed regeneration stage definition was through the weighted arithmetic mean between the numerical values assigned to each forest variable included in the proposal, defining a stage index (Ie). The definition of regeneration stage derives from the obtained Ie: 1 < Ie < 2: initial regeneration stage; 2 < Ie < 3: medium stage of regeneration; 3 < Ie < 4: advanced stage of regeneration; Ie = 4: primary forest.