Sistemas de recompensas e desempenho no trabalho: efeitos da justiça procedimental e do comprometimento afetivo

Abstract

Esta dissertação analisa o efeito dos sistemas de recompensas no desempenho no trabalho e da interveniência do comprometimento afetivo e da justiça procedimental nesta relação. Para isso, foi realizado um estudo de natureza descritiva e abordagem quantitativa por meio de uma pesquisa de levantamento ou survey. A população do estudo compreende as cooperativas dos estados das regiões sul e sudeste do Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio da rede social profissional LinkedIn e a amostra final contou com a participação de 146 funcionários que atuam no nível operacional das cooperativas. Para análise dos dados utilizou-se de análise descritiva, análise fatorial confirmatória e modelagem de equações estruturais, estimada por mínimos quadrados parciais. Os resultados da pesquisa confirmaram o impacto direto das recompensas intrínsecas, como autonomia, clareza de papel e feedback, no desempenho no trabalho e das recompensas extrínsecas, como o suporte com supervisor e equipe, satisfação com salários, benefícios e oportunidades promocionais, no comprometimento afetivo. Identificou-se que as recompensas intrínsecas influenciam positivamente o comprometimento afetivo dos funcionários da amostra em geral com menos de 30 anos, os que concluíram até a graduação e os que se identificam com o gênero feminino, além dos funcionários das cooperativas de saúde. Observou-se que a percepção de justiça procedimental das respondentes do gênero feminino e dos funcionários das cooperativas de saúde torna mais forte a relação entre as recompensas intrínsecas e o comprometimento afetivo. Além disso, nas cooperativas de crédito, o desempenho no trabalho é impactado pelo comprometimento afetivo dos funcionários. Conclui-se que as recompensas intrínsecas são importantes antecedentes de atitudes e comportamentos positivos dos funcionários nas cooperativas, impactando o desempenho no trabalho dos funcionários em geral e o comprometimento afetivo de grupos e ramos específicos. As recompensas extrínsecas também se demonstraram relevantes ao atuar diretamente no comprometimento afetivo dos funcionários, vínculo desejado pelas organizações. Não foi identificada a interveniência do comprometimento afetivo na relação entre os sistemas de recompensas e o desempenho no trabalho e a percepção de justiça procedimental se apresentou como variável importante no modelo. Observou-se que em ambientes que as respondentes do gênero feminino e os funcionários das cooperativas de saúde percebem mais justos, as recompensas intrínsecas têm impacto mais forte no comprometimento afetivo. Esse estudo contribui com a literatura ao explorar lacunas identificadas, ao propor um modelo com antecedentes e consequentes do comprometimento afetivo e ao investigar como a justiça procedimental impacta a relação entre os sistemas de recompensas e o comprometimento afetivo. Em termos práticos, permite que os gestores de cooperativas conheçam como diferentes tipos de recompensas impactam os comportamentos e atitudes dos funcionários e implementem sistemas de recompensas mais eficazes que atendam aos objetivos da organização. Ainda, ao demonstrar que o comprometimento afetivo do gênero feminino e dos funcionários das cooperativas de saúde é impactado pelas recompensas intrínsecas e extrínsecas e é fortalecido em ambientes considerados mais justos, as cooperativas podem implementar sistemas de recompensas e procedimentos na tomada de decisão que atendam às necessidades dos seus funcionários e torne-os mais comprometidos com a organização.

Abstract: This dissertation analyzes the effect of reward systems on job performance and the interference of affective commitment and procedural justice in this relationship. To this end, a descriptive study with a quantitative approach was conducted through a survey research. The population of the study comprises the cooperatives of the states in the south and southeast regions of Brazil. The data collection was carried out through the professional social network LinkedIn and the final sample counted on the participation of 146 employees who work at the operational level of the cooperatives. For data analysis, descriptive analysis, confirmatory factor analysis, and structural equation modeling, estimated by partial least squares, were used. The results of the research confirmed the direct impact of intrinsic rewards, such as autonomy, role clarity, and feedback, on job performance and of extrinsic rewards, such as support with supervisor and team, satisfaction with salaries, benefits, and promotional opportunities, on affective commitment. It was identified that intrinsic rewards positively influence affective commitment of employees in the sample who are generally under 30 years of age, those who have completed up to undergraduate studies, and those who identify with the female gender, in addition to employees of health cooperatives. It was observed that the perceived procedural justice of female respondents and employees of health cooperatives makes the relationship between intrinsic rewards and affective commitment stronger. Furthermore, in credit unions, job performance is impacted by employees' affective commitment. It is concluded that intrinsic rewards are important antecedents of positive employee attitudes and behaviors in cooperatives, impacting the job performance of employees in general and the affective commitment of specific groups and branches. Extrinsic rewards also proved to be relevant when acting directly on the affective commitment of employees, a desired bond for organizations. Affective commitment did not intervene in the relationship between reward systems and job performance, and the perception of procedural justice was an important variable in the model. It was observed that in environments that female respondents and employees of health cooperatives perceive to be more fair, intrinsic rewards have a stronger impact on affective commitment. This study contributes to the literature by exploring identified gaps, proposing a model with antecedents and consequents of affective commitment, and investigating how procedural justice impacts the relationship between reward systems and affective commitment. In practical terms, it allows cooperative managers to know how different types of rewards impact employee behaviors and attitudes and to implement more effective reward systems that meet organizational goals. Further, by demonstrating that the affective commitment of female and male employees of health cooperatives is impacted by intrinsic and extrinsic rewards and is strengthened in environments that are perceived as fairer, cooperatives can implement reward systems and procedures in decision making that meet the needs of their employees and make them more committed to the organization.