Influências do Banco Mundial e da UNESCO na política de formação de professores na Guiné-Bissau

Abstract

Esta pesquisa se inscreve no campo da formação de professores e tem como objetivo principal analisar as influências do Banco Mundial e da UNESCO na produção da política de formação de professores na Guiné-Bissau. Seu problema faz o seguinte questionamento: existem elementos indiciadores da intervenção dos organismos internacionais sobre os processos de formação de professores na Guiné-Bissau, de modo a alinhá-los aos preceitos de homogeneidade cultural? A metodologia constou de abordagem qualitativa, com desenvolvimento de pesquisa bibliográfica e documental e da análise de conteúdo de Bardin (1979) como instrumento para o trabalho com o material coletado. Com um histórico de colonização, a formação de professores esteve, por muito tempo, dependente de recursos financeiros e sob a tutela de professores estrangeiros. Embora o país tenha conquistado sua independência política, a dependência em relação à formação dos quadros de profissionais da educação ainda é significativa. Além disso, outros agentes acentuam ações no sentido de ampliar o seu poder de definição sobre os projetos de formação. Nosso interesse consiste em refletir sobre como manter as características culturais do país no processo de construir, cada vez mais, sua independência. Como resultado, observou-se a presença da racionalidade colonial. Isso porque a política de formação de professores na Guiné-Bissau ainda é fortemente dominada pela presença de lógicas coloniais, não comportando outras visões políticas, conhecimentos, expressões culturais e formas de ensinar que, pelas construções atuais desse setor, precisam também ocupar os espaços de projeto e política de formação no país. Isso consolida a tese de que é um instrumento de controle político-econômico, que desconsidera a diversidade cultural do país e dos alunos e os seus diversos ritmos de aprendizagem. É possível verificar que algumas dessas recomendações têm sido aplicadas e impactam diretamente a política de formação de professores e professoras, prejudicando a formação social do estudante.

Abstract: This research is part of the field of teacher training and its main objective is to analyze the influences of the World Bank and UNESCO in the production of teacher training policy in Guinea-Bissau. Its problem raises the following question: are there elements that indicate the intervention of international organizations on teacher training processes in Guinea-Bissau, in order to line them up with the precepts of cultural homogeneity? The methodology consisted of a qualitative approach, with the development of bibliographic and documental research and Bardin's content analysis (1979) as a tool for working with the collected material. With a colonization history, teacher training was, for a long time, dependent on financial resources and under the tutelage of foreign teachers. Although the country has achieved its political independence, the dependence on the training of education professionals is still significant. In addition, other agents emphasize actions to broaden their power to define training projects. Our interest is to reflect on how to maintain the country's cultural characteristics in the process of increasingly building its independence. As a result, the presence of colonial rationality was observed. This is because the teacher training policy in Guinea-Bissau is still strongly dominated by the presence of colonial logics, not including other political views, knowledge, cultural expressions and ways of teaching that, due to the current constructions of this sector, also need to occupy the spaces of training project and policy in the country. This consolidates the thesis that it is an instrument of political-economic control, which disregards the cultural diversity of the country and the students and their different learning rhythms. It is possible to verify that some of these recommendations have been applied and directly impact the teacher training policy, harming the student's social formation.