Arqueografias do impossível: cera perdida e metamorfose em Maria Martins

Abstract

A tese \"Arqueografias do impossível: cera perdida e metamorfose em Maria Martins\" busca analisar a produção plástica e literária de Maria Martins, sua exploração do sentido arqueológico das 'signaturas' e os modos como essa investigação o levam a resgatar em seus vestígios o sentido anacrônico da 'imago'. À diferença da maioria dos modernistas que compartilhavam uma leitura em termos de antropofagia e surrealismo, ou seja, vanguarda, Maria Martins desenvolvia a noção de informe, sob uma compreensão sensível das tradições arcaicas na modernidade. Em suas esculturas, escrituras e gravuras, emerge a imagem do 'Impossível' cuja leitura nos possibilita levantar a tese de que a metamorfose de Maria Martins antecipa investigações contemporâneas sobre a imagem, a memória, a poeira, a vida, a origem, o fogo e a cera, tal como desenvolvidas por pensadores como Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman, Georges Bataille, Walter Benjamin, Jacques Derrida e Emanuele Coccia. Na modernidade a 'cera perdida' reproduz as exigências da matéria, por contato e vestígio, no molde das formas fantasmagóricas entre territorialidades artísticas e literárias.

Abstract: The thesis \"Archeography of the impossible: lost wax and metamorphosis in Maria Martins\" seeks to analyze the plastic and literary production of Maria Martins, her 'signaturas' archaeological meaning exploration, and the ways in which this investigation leads her to rescue in its traces the anachronistic meaning of 'imago'. Unlike most modernists who shared a reading in terms of anthropophagy and surrealism, that is, avant-garde, Maria Martins developed the notion of formlessness, under a sensitive understanding of archaic traditions in modernity. In her sculptures, writings and engravings, the image of the 'Impossible' emerges, whose reading allows us to raise the thesis that Maria Martins' metamorphosis anticipates contemporary investigations on image, memory, dust, life, origin, fire and wax as developed by thinkers such as Maurice Blanchot, Giorgio Agamben, Georges Didi-Huberman, Georges Bataille, Walter Benjamin, Jacques Derrida and Emanuele Coccia. In modernity the 'lost wax' reproduces the demands of matter, by contact and trace, in the mold of ghostly forms between artistic and literary territorialities.