As interações sociais tornam os profissionais de controle mais competentes?: a relação entre capital social, competências e desempenho individual nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

Abstract

O desempenho individual é um tema de relevância prática, e a literatura aponta que um dos fatores que pode influenciá-lo é o acesso a recursos intelectuais pelo compartilhamento de conhecimentos por funcionários socialmente conectados. Nesse contexto, este estudo avalia a influência do capital social no desenvolvimento de competências e no desempenho individual dos profissionais atuantes em funções de controle. De forma complementar, identifica o efeito mediador das competências na relação entre o capital social e o desempenho individual. A investigação, com abordagem quantitativa e dados obtidos por levantamento, avaliou a percepção de profissionais atuantes nos setores de planejamento, financeiro, orçamento, contabilidade e auditoria interna dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia, em que se obteve uma amostra de 297 respostas válidas. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de Modelagem de Equações Estruturais baseado em Covariância, por meio da Máxima Verossimilhança. Os resultados apontam que o capital social, avaliado pelas dimensões estrutural, relacional e cognitiva, contribui positivamente para o desenvolvimento de competências, e também apontam efeitos positivos das competências no desempenho individual. Encontrou-se ainda a mediação total das competências na relação entre o capital social e o desempenho individual, indicando que as interações sociais, e consequentemente o compartilhamento de informações, só influenciam o desempenho se forem direcionadas de forma consciente e estratégica pela mobilização, assimilação e uso de recursos, como as competências. Conclui-se que níveis maiores de desempenho individual são advindos da interrelação do capital social e das competências. Em vista disso, os gestores podem capitalizar todo o potencial desses servidores ao promover interações sociais que fortaleçam canais de comunicação, a fim de reduzir o tempo e o esforço necessários para coletar informações. Entretanto, os gestores devem estar atentos aos custos de manutenção do capital social com a socialização dos servidores, e as desvantagens apresentadas na literatura que altos níveis de capital social podem trazer à organização como, por exemplo, sustentar grupos homogêneos que fragmentam a instituição e, consequentemente, podem trazer influências negativas às competências e ao desempenho organizacional. Desse modo, o estudo contribui com a literatura e prática gerencial ao evidenciar fatores que promovem o desempenho individual, especificamente no contexto de servidores públicos que desempenham atividades administrativas relacionadas à aplicação dos recursos públicos e prestação de contas.

Abstract: The employees? individual performance is a topic of high practical relevance and literature suggests that one of the influential factors is the access to intellectual resources through the exchange of knowledge by socially connected employees. Within this context, the present study evaluates the influence of social capital on skill development and on the individual performance of control function professionals. Complementarily, we examine the mediating effect of skills on the interaction between social capital and individual performance. Our research, of quantitative nature, obtained data through survey and evaluated the perception of professionals involved in the areas of planning, finance, budget, accounting and internal audit of the Federal Institutes of Education, Science and Technology, in which we obtained a sample of 297 valid responses. Data analysis employed the technique of Structural Equation Modeling based on Covariance, through Maximum Likelihood. Results indicate that social capital, evaluated by the structural, relational, and cognitive dimensions, contributes positively to skill development, and also indicates positive skill effects on individual performance. A total mediation of skills was also found in the relation between social capital and individual performance, suggesting that social interactions, and consequently an information exchange, only influence performance if these are directed in a conscious and strategic manner by the mobilization, assimilation, and use of resources, such as skills. We conclude that higher levels of individual performance are derived from the interrelation of social capital and skills. Thus, managers can capitalize on the full potential of these employees by promoting social interactions that enhance communication channels, to reduce the time and effort required for gathering information. Moreover, managers should be aware of the costs of maintaining social capital by socializing employees, and also of the disadvantages that high levels of social capital can pose to organizations, such as, for example, sustaining homogeneous groups that fragment the institution and, consequently, can negatively influence organizational competencies and performance. Thus, our study adds to the managerial literature and practice by demonstrating factors that improve individual performance, particularly in the public employees' context involved in management activities related to the use of public resources and accountability.