Ink goddess: the narrativization and dramatization of life, love, and the self in Sylvia Plath?s journals and letters

Abstract

Cartas e diários são formas de escrita que misturam a vida e a ficção, o público e o privado, o real e o imaginário. Esses gêneros fazem parte da área de escritas de vida, um campo que envolve as diversas dimensões das memórias e identidades de uma pessoa, bem como de suas percepções de si e do mundo. Ambos são difíceis de definir e, como historicamente tenham sido conceituados como tipos de escrita ?femininos,? são frequentemente atribuídos como gêneros inferiores ou secundários na literatura (DIAZ, 2016; HENDERSON, 2019). Além de escrever poemas e prosa profissionalmente para ser publicada e paga, Sylvia Plath (1932-1963) também escreveu uma numerosa quantidade de cartas e diários. Nesses escritos auto/biográficos, é possível observar tanto sua paixão pelo ofício da escrita e registro da vida ? ?escrever/a escrita é o primeiro amor da minha vida? (2017, p. 880, tradução minha) ? como também a importância desses na sua sobrevivência: ?é aí que entra a minha escrita . . . ela é tão necessária para a sobrevivência da minha altiva sanidade como o pão é para minha carne? (2000, p. 100, tradução minha). Mais do que simplesmente narrar e representar a si mesma nos seus diários e cartas, alego que Plath narrativizava e dramatizava sua própria vida na página em branco; criando-se e transformando as pessoas em personagens ou atores, dando sentido à vida, ao amor e ao mundo por meio da escrita e até mesmo recriando o Tempo e performatizando a vida através do que defino como o ?palco das escritas de vida?. Portanto, em minha pesquisa tenho o objetivo de demonstrar e discutir as formas como Plath narrativizava e dramatizava sua vida, seu amor, e a si mesma por meio da prática da escrita de cartas e diários. Através da análise de seus diários e correspondências, discuto seus ?relacionamentos de tinta? com suas ligações afetivas (amantes, entes queridos, e até mesmo a escrita e a literatura) e a sua transformação no que defino como uma ?deusa de tinta?: uma escritora que usava diários e cartas como espaços de subversão de uma sociedade patriarcal e de um mundo literário dominado por homens. Argumento que foi por meio de sua transformação em uma deusa da tinta e pela performatividade da vida através da escrita que Plath vivia e experimentava sua liberdade, sexualidade e vida de escritora.

Abstract: Letters and diaries are forms of writing that mingle life and fiction, public and private, the real and the imaginary. They are part of the field of life writing, an area that involves many dimensions of one?s memories, identities, and perceptions of the self and the world. Both are difficult to define and, as they have been historically perceived as ?feminine,? they are often attributed as inferior or secondary genres in literature (DIAZ, 2016; HENDERSON, 2019). Besides writing professionally to get published and paid, Sylvia Plath (1932-1963) was also an avid diarist and correspondent. In these auto/biographical writings, it is possible to observe both her passion for the craft and the recording of life ? ?writing is the first love of my life? (2017, p. 880) ? but also the importance of the written word in her survival: ?that is where my writing comes in . . . it is as necessary for the survival of my haughty sanity as bread is to my flesh? (2000, p. 100). More than simply narrating and representing herself in her journals and letters, I believe that Plath narrativized and dramatized life itself in the page; crafting herself and people of her life into characters and actors, making sense of life, love, and the world through inscriptions, and even recreating Time and performing life through what I define as the ?stage of life writing?. Therefore, in this research I aim at describing how Plath narrativized and dramatized her life, love, and herself through the practice of letter and diary writing. By analyzing her journal entries and correspondence, I discuss her ?ink relationships? with her affections (lovers, loved ones, and even writing and literature) and her transformation to what I define as an ?ink goddess?: a woman writer who used diaries and letters as spaces for subversion of a patriarchal society and male-dominated literary world. I argue that it was through her transformation into an ink goddess and through the performativity of life through the written word that Plath experienced her writing life, sexuality, and freedom.