O feminismo democrático de Fraser

Abstract

O presente trabalho é uma apresentação da obra de Nancy Fraser, com recorte naquilo que importa para que fosse oferecido enquanto parte de uma teoria da democracia participativa, mesmo que desencantada. Com isso, usei os desdobramentos de seus insights sobre o feminismo dentro de um contexto de crítica ao capitalismo, como ferramenta estratégica para as discussões contemporâneas que ressaltam a imbricação entre justiça social e práticas democráticas. Há uma preocupação epistemológica, no sentido lato, de modo a introduzir o modo das teóricas feministas ao lidar com esses temas e em destacar a relação da autora com seu neopragmatismo democrático, mas sem ignorar a teoria crítica. Deste modo, a esperança, ao ter percorrido este caminho, foi a de apresentar a defesa dos espaços em que o aprofundamento das democracias contemporâneas acontecem, mesmo não oficialmente, mas que estão dentro das discussões das teorias políticas do feminismo. Esse espaço ronda e atravessa, por exemplo, a esfera pública, foco da segunda metade do trabalho. Para entender o contexto, em tempos de globalização e neoliberalismo, foi preciso resgatar e utilizar como ponte, a discussão sobre esfera pública em Habermas que Fraser realizou no início da década de 1990. Outra estrutura sugerida por Fraser e aqui avaliada é a contraesfera pública, com ela reflito a respeito de pelo menos dois casos concretos de injustiça social, o Caso do Povo Warao e o Caso das Mães de Crianças na Epidemia de Zika Vírus, em que a existência de uma mobilização enquanto contraesfera pública, de uma gramática de justiça e do cuidado. Isso significaria o fortalecimento dos grupos subalternizados para disputar esses bens sociais, mesmo que de modo incipiente.

Abstract: The present work is a presentation of the work of Nancy Fraser, with a focus on what matters so that it could be offered as part of a theory of participatory democracy, even if disenchanted. With that, I used the unfolding of her insights on feminism within a context of criticism of capitalism, as a strategic tool for contemporary discussions that emphasize the imbrication between social justice and democratic practices. There is an epistemological concern, in the broadest sense, in order to introduce the way feminist theorists deal with these themes and to highlight the author's relationship with her democratic neopragmatism, without forget critical theory. In this way, the hope, having followed this path, was to present the defense of the spaces in which the deepening of contemporary democracies takes place, even unofficially, but which are within the discussions of the political theories of feminism. This space surrounds and crosses, for example, the public sphere, the focus of the second half of the work. To understand the context, in times of globalization and neoliberalism, it was necessary to rescue and use as a bridge, the discussion about the public sphere in Habermas that Fraser carried out in the early 1990s. Another structure suggested by Fraser and evaluated here is the public countersphere, with it I think on at least two concrete cases of social injustice, the Case of the Warao People and the Case of the Mothers of Children in the Zika Virus Epidemic, in which the existence of a mobilization as a public counter-sphere, of a grammar of justice and of care. This would mean strengthening subordinate groups to dispute these social goods, even if in an incipient way.