“Não lavo mais os pratos”: tradução comentada para libras, sobre a perspectiva de uma TILS negra

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“Não lavo mais os pratos”: tradução comentada para libras, sobre a perspectiva de uma TILS negra

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Title: “Não lavo mais os pratos”: tradução comentada para libras, sobre a perspectiva de uma TILS negra
Author: Cardoso, Jéssica Francine
Abstract: O presente trabalho tem como objetivo realizar uma tradução comentada do Português para a Libras da poesia intitulada “Não lavo mais os pratos” da poetisa Cristiane Sobral. Esta tradução comentada pretende fomentar o debate sobre questões raciais inerentes aos enfrentamentos vividos por tradutores e intérpretes negros (as) – TILS. Além disso, interroga como o racismo interfere na produção e atuação do TILS do par linguístico Libras – Língua Brasileira de Sinais/ Português. Para isso, importantes reflexões trazidas por intelectuais como: Munanga (2010), Almeida (2019), Ribeiro (2019) sustentam as discussões teóricas presentes no trabalho. Os enfrentamentos e silenciamentos encontrados por TILS podem acontecer por diversos fatores. Nesse sentido, é relevante compreender o que é “ser negro” numa sociedade eurocêntrica e padronizada que foi constituída com base do poder social hegemonicamente branco e sobre o período de escravidão. Os efeitos da escravidão se perpetuam até hoje em nossa sociedade, alimentando formas diferentes da existência do racismo estrutural. No que tange à metodologia, escolheu-se a tradução comentada como abordagem qualitativa, descrevendo o processo de tradução do Português para a Libras. Resgata-se contribuições importantes realizadas por Albres (2020) e Rodrigues (2013). No processo tradutório da poesia “Não Lavo Mais os pratos”, possibilitou-me visualizar questões importantes discutidas sobre o racismo, as questões raciais e demais atravessamentos ao longo da presente pesquisa. O processo tradutório buscou adentrar ao debate das questões raciais, apresentado de forma metafórica e como um movimento de liberdade dentro da poesia de Cristiane Sobral. Além disso, esse processo tradutório ampliou as possibilidades e os meios de visualizar questões na tradução de Português-Libras, os quais até o momento eram estabelecidas como padrão “obrigatório e único”. A tradução comentada dialoga diretamente com a subjetividade negra em cada escolha do sinal, do visual, dos movimentos apontados em cada verso. Não lavar mais os pratos é levantar uma pauta até então silenciada para o campo dos Estudos da Tradução e Interpretação de línguas de sinais, pois as violências aqui apresentadas e vivenciadas constituem-se como travessia de um corpo negro. Mostra-se também que o padrão é na pretensa universalidade do ser branco, eurocêntrico e masculino, e logo, excludente para as pessoas negras. Não lavo mais. A liberdade pautada na poesia como rompimento de um momento, é também um rompimento com o pensar que vem estruturando as áreas de atuação a qual estamos inseridos. A cada estrofe traduzida as questões extralinguísticas estão fortemente intrínsecas ao processo, o pensar negro e o ser negro não se destitui no processo tradutório, por isso não lavaremos mais os pratos. Os desafios encontrados durante o processo para a tomada de decisão foram pensados com base na poesia, realidade, conhecimentos linguísticos e extralinguísticos e a interlocução com as questões referentes às mulheres negras e o campo ETILS.
Description: TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão. Letras LIBRAS.
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/237153
Date: 2021-04-30


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