Dinâmica de exportação das microrregiões catarinenses: uma análise comparativa a partir da influência chinesa para o período 2002-2018.

Abstract

A expansão chinesa no comércio internacional a partir dos anos 2000, acarretou mudanças consideráveis nas cadeias globais de valor, e o estado de Santa Catarina não escapa desse fenômeno. No período entre 2002 e 2018, observa-se uma clara redução da especialização produtiva da pauta exportadora do estado, puxada principalmente pela elevação da demanda chinesa por commodities, que veio a apresentar preços relativos favoráveis a exportação de produtos primários. A proposta deste trabalho concentra-se em analisar, através de coeficientes de especialização e índices de competição em exportações baseados em Libânio (2012), os efeitos que essa influência chinesa provocou nas exportações das microrregiões catarinenses, entre 2002 e 2018. E a luz das teorias econômicas de comércio internacional e de modelos econométricos, observar se esse fenômeno foi positivo para a economia do estado. Quando analisados os modelos, as exportações per capita das microrregiões do estado apresentaram crescimento quando reduzida a competição com as exportações chinesas, dando subsídios para a teoria neoclássica de vantagens comparativas, visto que os preços relativos internacionais favoreceram as exportações de produtos primários no período do estudo. No entanto, o mesmo não ocorre para quando reduzida a participação na pauta exportadora de produtos de média e alta tecnologia, já que esta apresenta relação positiva com o crescimento das exportações. Além disso, o crescimento das exportações das microrregiões catarinenses no período baseado na elevação da participação de commodities na pauta exportadora, pouco afetou o crescimento do valor adicionado do estado. Pois, como elucidam as teorias opostas à neoclássica, são as indústrias de alta tecnologia que possuem vantagens relativas quanto a outros países, não só pelas diferenças em relação às vantagens de dotação fatorial, mas também em função do diferencial tecnológico, de conhecimento e de capacidade, que são criados e reproduzidos através do tempo, e espraiados por toda a economia, como ocorreu na China, e em diversos países que hoje são considerados desenvolvidos.

The Chinese expansion in international trade from the 2000s onwards led to considerable changes in global value chains, and the state of Santa Catarina does not escape this phenomenon. In the period between 2002 and 2018, there was a clear reduction in the productive specialization of the state's export agenda, driven mainly by the increase in Chinese demand for commodities, which came to present favorable relative prices for the export of primary products. The purpose of this work is to analyze, through coefficients of specialization and competition indices in exports, based on Libânio (2012), the effects that this Chinese influence caused on exports from Santa Catarina's microregions, between 2002 and 2018. And in the light of the economic theories of international trade and econometric models, to observe whether this phenomenon was positive for the state's economy. When the models were analyzed, the per capita exports of the micro-regions of the state showed growth when competition with Chinese exports was reduced, providing subsidies for the neoclassical theory of comparative advantages, since international relative prices favored exports of primary products in the study period. However, the same does not occur when the participation in the export list of medium and high technology products is reduced, since this has a positive relationship with the growth of exports. In addition, the growth of exports from Santa Catarina's micro-regions in the period based on the increase in the share of commodities in the export basket, little affected the growth of the added value of the state. Because, as the theories opposed to neoclassical elucidate, it is the high-tech industries that have relative advantages over other countries, not only because of the differences in relation to the advantages of factorial allocation, but also due to the technological, knowledge and capacity differential, which are created and reproduced over time, and spread throughout the economy, as happened in China, and in several countries that are now considered developed.