Title: | O risco de desenvolvimento de doenças autoimunes induzido pela vacina contra hepatite B: uma revisão sistemática da literatura |
Author: | Stéfani, Giovanna Mariot; Melo, Murilo Evandro de |
Abstract: |
Introdução: As doenças autoimunes, por serem enfermidades crônicas, revelam-se importantes no perfil de morbidade em nível mundial, tendo ascendido em incidência e prevalência nas últimas décadas. Constituem-se de afecções provocadas pela perda de tolerância do sistema imunológico a autoantígenos, apresentando como característica a inflamação crônica. Esses distúrbios podem ser desencadeados por agentes infecciosos através de diversos mecanismos, e há uma suspeita de que as vacinas também possam ser responsáveis pela indução de doenças autoimunes. Dentre os imunizantes mais pesquisados, encontra-se a vacina contra hepatite B, que é considerada por alguns autores como capaz de desencadear autoimunidade. Objetivo: Investigar a ocorrência de doenças autoimunes induzida pelos imunógenos da vacina contra hepatite B. Métodos: A revisão sistemática foi desenvolvida de acordo com as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e foi registrada na base de dados de revisões sistemáticas PROSPERO (CRD42021278591). Foram selecionados estudos das bases de dados Embase, PubMed, Scopus e Web of Science, publicados em português, inglês ou espanhol. Foram considerados todos os artigos indexados até junho de 2022 que atendiam aos critérios de elegibilidade. Os desenhos de estudo selecionados foram ensaio clínico controlado e randomizado, caso-controle, coorte e quasi-experimental. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pelos checklists do Joanna Briggs Institute (2020). Na análise e síntese dos dados, foi utilizada descrição narrativa para resumir as características e os resultados dos estudos obtidos, sendo a relação entre a vacinação contra a hepatite B e o risco de surgimento de doenças autoimunes a variável de maior interesse. A revisão não é financiada. Resultados: Dos 924 estudos iniciais, catorze corresponderam aos critérios de elegibilidade. A população total dos estudos primários foi de 285.171 participantes. A faixa etária dos indivíduos estudados variou de dez meses a 70 anos de idade. Constatou-se um predomínio feminino nessa população, que também é majoritariamente estadunidense. Dentre os artigos incluídos, há doze estudos de caso-controle, um coorte e um ensaio clínico controlado e randomizado. Em nove dos catorze estudos foi constatado que a relação entre a vacinação contra a hepatite B e o risco de surgimento de doenças autoimunes é estatisticamente insignificante. Em um estudo afirmou-se que pode haver uma relação de risco, a depender da formulação da vacina utilizada e da temporalidade entre a aplicação e o aparecimento dos sintomas. Em dois estudos foi identificada uma relação de risco entre a vacinação e o desenvolvimento de autoimunidade, ainda que esses tenham sido artigos, ou com maior risco de viés (50%), ou com resultados estatisticamente imprecisos (IC 95%, 1,5-6,3). Em um estudo único se constatou um possível efeito protetor dessa vacina contra o surgimento de doenças autoimunes, com a ressalva de que esse foi um resultado isolado oriundo de um dos artigos com os maiores índices de risco de viés (40%). Por fim, em um único estudo houve resultados inconclusivos a respeito do objetivo desta revisão sistemática. Conclusão: Não parece haver relação estatisticamente significativa entre a vacinação contra a hepatite B e o desenvolvimento de doenças autoimunes. Além disso, a existência ou não do efeito protetor ainda não pode ser sustentada, carecendo de mais estudos nesta temática. Sendo assim, a vacinação contra a hepatite B, aliada à vigilância farmacológica, deve ser encorajada. Introduction: Autoimmune diseases, as they are chronic diseases, are important in the morbidity profile worldwide, having increased in incidence and prevalence in recent decades. They consist of affections caused by the loss of tolerance of the immune system to autoantigens, characterized by chronic inflammation. These disorders can be triggered by infectious agents through several mechanisms, and there is a suspicion that vaccines may also be responsible for inducing autoimmune diseases. Among the most researched immunizers is the hepatitis B vaccine, which some authors consider capable of triggering autoimmunity. Objective: Investigate the occurrence of autoimmune diseases induced by hepatitis B vaccine immunogens. Methods: The systematic review was developed according to the recommendations of the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) and was recorded in the PROSPERO systematic review database (CRD42021278591). Studies from Embase, PubMed, Scopus and Web of Science databases, published in Portuguese, English or Spanish, were selected. All articles indexed up to June 2022 that met the eligibility criteria were considered. The selected study designs were randomized controlled trials, case-control, cohort and quasi-experimental. The methodological quality of the studies was assessed using the Joanna Briggs Institute checklists (2020). For data analysis and synthesis, a narrative description was used to summarize the characteristics and results of the obtained studies, with the relationship between vaccination against hepatitis B and the risk of developing autoimmune diseases being the variable of greatest interest. The review is not funded. Results: Of the 924 initial studies, 14 met the eligibility criteria. The total population of the primary studies was 285,171 participants. The age of the studied individuals ranged from 10 months to 70 years. There was a female predominance in this population, which is also mostly American. Among the articles included, there are 12 case-control studies, a cohort and a randomized controlled clinical trial. In 9 of the 14 studies, the relationship between hepatitis B vaccination and the risk of developing autoimmune diseases was found to be statistically insignificant. In one study, it was stated that there may be a risk relationship, depending on the formulation of the vaccine used and the temporality between the application and the appearance of symptoms. Two studies identified a risk relationship between vaccination and the development of autoimmunity, even though these were articles, either with a higher risk of bias (50%), or with statistically imprecise results (95% CI, 1.5- 6.3). A single study found a possible protective effect of this vaccine against the onset of autoimmune diseases, with the reservation that this was an isolated result from one of the articles with the highest risk of bias (40%). Finally, in a single study there were inconclusive results regarding the purpose of this systematic review. Conclusion: There appears to be no statistically significant relationship between hepatitis B vaccination and the development of autoimmune diseases. In addition, the existence or not of the protective effect cannot yet be supported, requiring further studies on the subject. Therefore, vaccination against hepatitis B, combined with pharmacological surveillance, should be encouraged. |
Description: | TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Araranguá. Curso de Medicina. |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/237703 |
Date: | 2022-07-18 |
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