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Este trabalho tem como objetivo analisar os filmes Trabalhar Cansa (2011) e As Boas
Maneiras (2017), dos cineastas brasileiros Juliana Rojas e Marco Dutra, à luz das teorias
sobre Monstruosidades (CARROLL, 1999; COHEN, 2000; GIL, 2000), focada
principalmente no lobisomem como símbolo da repulsa aos valores cristãos e de civilidade.
Dos relatos orais ao cinema brasileiro contemporâneo, passando pela literatura em língua
portuguesa, a figura do lobisomem se modifica de acordo com a sociedade em que o imagina.
Nos relatos rurais brasileiros, o lobisomem é representado por um homem não batizado, fruto
de uma relação incestuosa ou proibida, e pode simbolizar o amálgama do desvio das crenças
de um ideal masculino, racional, religioso e civilizado (FINA, 2016; GOMES, 2008).
Segundo esta hipótese sobre os dois filmes, os dois lobisomens diametralmente diferentes —
o primeiro, um cadáver, e o segundo, uma criança — podem ser a representação de duas
forças de vetores opostos na relação entre nós e os monstros: a repulsa, tendo como
consequência a exclusão social, e a atração que sentimos por essas criaturas, uma vez que
talvez desejemos, ainda que inconscientemente, a propensão a mudar que as metamorfoses
monstruosas podem oferecer. |
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