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Vivemos numa época em que, mais do que nunca, somos expostos diariamente ao
discurso midiático esportivo, o qual influencia diretamente o processo de construção das
representações acerca do esporte, pela forma que esse discurso atribui (novos) sentidos e
significados não apenas ao conceito, mas também à sua prática, o que tem contribuído para uma
polissemia no conceito de esporte dentro da cultura contemporânea. Tal premissa reflete no
contexto da Educação Física Escolar, a qual pedagogicamente tem adotado como conteúdo
hegemônico o esporte, e as representações que prevalecem geralmente são as oriundas daquele
esporte “re-presentado” pela televisão, o esporte-telespetáculo. Este, ao reforçar o esporte de alto
rendimento, estimula a competição e acentua a mercadorização esportiva, seja por meio da
publicização das imagens dos atletas (ídolos), pelas notícias veiculadas diariamente (a chamada
“falação esportiva”) ou pelo crescente uso de tecnologias que vem ganhando cada vez mais
espaço em todos os âmbitos, em especial, no esportivo (o replay, o tira-teima, as transmissões via
internet, e mais recentemente, a possível tendência do uso de sensores em bolas, linhas e traves).
Essas primeiras articulações compõem parte do processo de construção teórico-metodológica de
dois projetos de mestrado, os quais se destinam a estudar o discurso midiático esportivo com
ênfase no campo da recepção, no intuito de identificar e melhor compreender “como” as
mensagens midiáticas são significadas e “se” elas são re-significadas pelos jovens. Isso porque os
anos de 2006 e 2007 terão grande representatividade na esfera esportiva nacional,
respectivamente com a participação do Brasil na Copa do Mundo da Alemanha e da realização
dos Jogos Pan-americanos em nosso país. Tais eventos de grande repercussão contarão com
significativa atenção por parte da mídia, a qual se encarregará de antecipar expectativas voltadas
a eles (eventos), estimulando, por meio do agendamento (aquilo que é oferecido/tratado pela
mídia), sentimentos de nacionalismo, patriotismo, identificação, entre outros. E tais processos
certamente se apresentarão também no contexto da Educação Física escolar, justamente pela
massiva presença/inserção do discurso midiático-esportivo no cotidiano dos escolares. Assim,
sinalizamos a necessidade e a importância de nós, enquanto educadores, voltarmos nosso “olhar”
ao campo da recepção sobre a mídia, em especial a esportiva, buscando elementos que
qualifiquem um “fazer pedagógico” em prol da formação de sujeitos mais críticos sobre os
acontecimentos cotidianos e sociais através do esporte. |
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