O impacto da pandemia nas disciplinas experimentais de química: análise de crenças de autoeficácia

Abstract

Este trabalho teve como objetivo compreender como as crenças de autoeficácia de graduandos em Química da Universidade Federal de Santa Catarina foram afetadas pelo contexto pandêmico e ensino remoto, se comparadas ao ensino presencial, nas disciplinas experimentais cursadas antes e durante a pandemia da Covid-19. Para tanto, foi utilizado como referencial teórico o constructo denominado de crenças de autoeficácia, um dos pilares da Teoria Social Cognitiva (TSC), desenvolvida pelo psicólogo canadense Albert Bandura, e que vem sendo aplicada em pesquisas das áreas de psicologia e educação. A investigação foi de natureza qualitativa, com a aplicação de questionários com questões abertas acerca das percepções dos estudantes sobre como o ensino remoto modificou as suas crenças de autoeficácia. Utilizando-se da análise textual discursiva (ATD), houve a divisão das questões em sete categorias, sendo elas autoconfiança; entendimento, compreensão e interpretação/habilidades prático-teóricas; interações sociais; avaliação em grupo; encorajamento e influência do grupo; julgamentos e ferramentas didáticas. A partir da análise das respostas constatou-se que o ensino remoto de disciplinas práticas em química impactou na autoeficácia acadêmica discente. Justificativas como distanciamento dos colegas, ausência de trabalhos em equipe e da assistência docente durante as aulas, impedimento de realizar as práticas laboratoriais e de manusear reagentes e vidrarias foram alguns dos pontos elencados pelos estudantes. Todas as fontes de crenças de autoeficácia modificaram-se, quando comparados os modelos presencial e remoto, com ênfase nas experiências vicárias e de persuasão social, estas avaliadas como mais positivas no ensino presencial.