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Para meu trabalho de conclusão do curso de Cinema, tive a ideia de escrever
uma série de cartas sobre Jane Austen para minha melhor amiga Marina. Apesar de
nossas cartas serem fictícias, e de certa forma, nossas personagens também,
Marina é uma pessoa real, e essa ideia veio de nossa amizade e de nossas
conversas sobre Jane Austen, que ambas gostamos muito e da qual já conversamos
várias vezes. Vem também de um desejo de viver naquela época e escrever mesmo
cartas aos amigos e familiares, em bonitos papéis com letras caprichadas. Surgindo
esse conceito das cartas, não era mais o suficiente fazer um TCC e pronto. Era
preciso ir a fundo. É como se eu e Marina tivéssemos nos tornado personagens de
Jane Austen, mas vivendo no futuro.
No entanto, essa ficção das cartas precisava de algum modo encontrar uma
conciliação com as exigências acadêmicas. Algumas dessas exigências, como
delimitação, o problema inicial, o rigor conceituai e a demonstração de capacidade
de análise, já foram consideradas na própria concepção do trabalho, e delas tentei
dar conta no próprio texto, nas próprias cartas. Outras, como a formatação e a
formalização da entrega, poderiam trair a própria ficção, afinal quem escreveria uma
série de cartas com capa, agradecimentos, sumário, bibliografia, etc.? Foi assim
que surgiu a ideia de colocar a formatação toda neste envelope.
Daí isso se torna um prólogo, e toda a parte formatada compõe esse
envelope separado, secundário em relação às cartas. Transformada em
personagem, proponho apenas uma leve inversão: a parte acadêmica ficou dentro
da caixa das cartas, submissa a elas, e não o contrário. |
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