Title: | Um romance esquecido no tempo: uma leitura de D. Narcisa de Villar, da catarinense oitocentista Ana Luísa de Azevedo Castro |
Author: | Silva, Karolina Adriana da |
Abstract: |
A ausência de escritoras oitocentistas nos livros de história literária do século XIX e a ficção criada e descrita sobre as mulheres daquele período nos livros de literatura, por sua vez majoritariamente produzidos e protagonizados por homens, marcaram a opressão das mulheres em relação à sociedade, sobretudo em relação à literatura. Essa opressão estava associada à relação delicada entre as mulheres e a sociedade, a educação e a própria literatura, por conta, principalmente, do patriarcalismo, sexismo e moralismo pregados no século XIX. Por conta dessas relações, muitas escritoras deixaram de ser (re)conhecidas e valorizadas, como foi o caso de Auta de Souza (1876-1901), Emília Moncorvo Bandeira de Melo (1852-1910), Delminda Silveira (1854-1932), Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), Nísia Floresta (1810-1885) e tantas outras, deixando uma lacuna na história literária brasileira. Dentre tantas escritoras invisibilizadas nesse contexto, muitas estão sendo estudadas e tendo sua história (re)contada por pesquisadores(as) interessados(as) no resgate da literatura feita por mulheres no Brasil nesse período, mas algumas delas, como é o caso da catarinense oitocentista Ana Luísa de Azevedo Castro (1823?-1869), ainda são pouco pesquisadas e necessitam de (re)conhecimento e valorização. Tendo isso em vista, o objetivo deste estudo é colaborar para trazer à tona e dar visibilidade à escritora Ana Luísa de Azevedo Castro por meio de uma leitura crítica do romance D. Narcisa de Villar, considerado um dos primeiros romances de autoria feminina publicados no Brasil, dividindo o título com a publicação de Úrsula, de Maria Firmina dos Reis (1822-1917), em 1859. Ainda que publicado em livro apenas em 1859, D. Narcisa de Villar foi publicado em folhetins em 1858 no jornal carioca A Marmota e, por conta disso, pode ser considerado o primeiro romance de autoria feminina publicado no Brasil, uma vez que já circulava nos jornais antes mesmo do romance que ganhou este título. Marcado pela marginalização e deslegitimação da figura da mulher e do índio, o romance de Ana Castro mostra a consciência do estado de submissão e das circunstâncias em que viviam as mulheres e os índios perante à sociedade desde o Brasil Colônia até aquele período, provocando o leitor a refletir sobre as questões que levaram a essa condição e a se questionar sobre esses paradigmas. Acredita-se que esta pesquisa possa trazer à tona, além de um novo olhar para o romance de Ana Castro, um novo olhar para a literatura produzida por mulheres no Brasil, sobretudo no século XIX, além de trazer à tona discussões para a reflexão sobre o que provocou esse apagamento e o que pode ser feito para que esse ciclo seja rompido, além de, é claro, incentivar o trabalho de resgate às escritoras invisibilizadas na literatura, sobretudo no período oitocentista. The absence of nineteenth-century women writers in nineteenth-century literary history books and the fiction created and described about women of that period in literature books, mostly produced and starred by men, marked the oppression of women in relation to society, especially in relation to literature. This oppression was associated with the delicate relationship between women and society, education, and literature itself, mainly because of the patriarchy, sexism, and moralism preached in the 19th century. As a result of these relationships, many women writers are no longer (re)known and valued, as was the case with Auta de Souza (1876-1901), Emília Moncorvo Bandeira de Melo (1852-1910), Delminda Silveira (1854-1932), Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), Nísia Floresta (1810-1885) and many others, leaving a gap in Brazilian literary history. Among the many invisible women writers in this context, many are being studied and having their stories (re)told by researchers interested in rescuing the literature made by women in Brazil during this period, but some of them, such as Ana Luísa de Azevedo Castro (1823?-1869), from the state of Santa Catarina in the 1800s, are still little researched and need to be (re)known and valued. With this in mind, the purpose of this study is to collaborate to bring to light and give visibility to the writer Ana Luísa de Azevedo Castro through a critical reading of the novel D. Narcisa de Villar, considered one of the first female-authored novels published in Brazil, sharing the title with the publication of Úrsula, by Maria Firmina dos Reis (1822-1917), in 1859. Although published in book form only in 1859, D. Narcisa de Villar was published in pamphlets in 1858 in the Rio de Janeiro newspaper A Marmota and, because of this, can be considered the first novel by a woman published in Brazil, since it was already circulating in the newspapers even before the novel got its title. Marked by the marginalization and delegitimization of women and Indians, Ana Castro's novel shows the awareness of the state of submission and the circumstances in which women and Indians lived in society since Colonial Brazil up to that period, provoking the reader to reflect on the issues that led to this condition and to question these paradigms. It is believed that this research can bring up, besides a new look to Ana Castro's novel, a new look to the literature produced by women in Brazil, especially in the nineteenth century, besides bringing up discussions to reflect on what provoked this erasure and what can be done to break this cycle, besides, of course, encouraging the rescue work of invisible women writers in literature, especially in the nineteenth century. |
Description: | TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão. Curso de Letras - Língua Portuguesa e Literaturas |
URI: | https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/238727 |
Date: | 2022-03-24 |
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TCC Karolina - Um romance esquecido no tempo.pdf | 1.777Mb |
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TCC Karolina - Um romance esquecido no tempo |