Abstract:
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O câncer é uma doença de grande impacto na saúde pública, sendo uma das
principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos) em todo o mundo. Diversos
órgãos do podem ser afetados por essa doença, entre eles se destaca o câncer de
cabeça e pescoço, que possui progressão muito agressiva e invasiva. Para o
tratamento desta patologia, se destacam a quimioterapia e a radioterapia, que apesar
de sempre estarem sendo melhoradas, ainda causam muitos efeitos colaterais nos
pacientes. No caso do câncer de cabeça e pescoço, a mucosite oral é um dos efeitos
adversos que ganha muito destaque. Se trata de lesões ulcerativas da mucosa oral,
que impactam diretamente na qualidade de vida do paciente, visto que as lesões, além
de causarem muita dor, também dificultam a alimentação, o que leva a uma perda de
peso maior a um paciente já muito debilitado. Visando uma busca na melhora deste
quadro, diversos tratamento vem sendo testados, incluindo o uso de produtos de
origem natural, como o fármaco alfa-bisabolol, muito conhecido por sua ação antiinflamatória e analgésica. Tendo isso em foco, esse projeto propôs caracterizar
membranas poliméricas obtidas pela técnica de eletrofiação, contendo este fármaco
para o tratamento da mucosite oral. A aplicação bucal de fármacos é um desafio, visto
que o tempo de retenção é muito limitado. Neste sentido, foram selecionados os
polímeros ácido poliláctico (PLA), hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) e ácido
metacrílico (Eudragit®) que, além de biodegradáveis, possuem boa mucoadesão. A
análise macroscópica das membranas revelou que houve deposição do polímero,
tanto nas membranas contendo apenas polímeros, como nas que também continham
o fármaco, confirmando através de microscopia ótica a formação dos filmes. A
mucoadesividade, que se mostrou diminuída pela característica hidrofóbica do
fármaco, deverá ser reavaliada, buscando-se uma alternativa para melhorar essa
propriedade, usando-se sistemas que aumentem a solubilidade do ativo. Pelos
estudos de espectroscopia, foi possível notar que não houve mudanças significativas
entre os espectros, não sendo possível detectar as bandas características do fármaco
pela sobreposição dos mesmos às bandas dos polímeros, o que justifica uma possível
interação entre os mesmos a partir da eletrofiação. Os estudos térmicos apontam para
a manutenção das características do ativo nos sistemas avaliados, com eventos de
libertação de água, além evento endotérmico na faixa de temperatura de 90 a 150°C,
que corresponde com a volatilização do fármaco que é um álcool sesquiterpênico
termo sensível. Os resultados obtidos mostram que é possível desenvolver uma forma farmacêutica contendo o alfa-bisabolol em sua composição, porém ainda há melhorias
a serem realizadas. |