Técnicas para modificar a arquitetura dos cachos e seu efeito no desempenho vitícola de variedades de videira em cultivo protegido

Abstract

Os resultados obtidos até o momento no projeto “O cultivo protegido pode viabilizar a produção de uvas viníferas em regiões de clima subtropical?” se mostraram promissores, graças a adoção da cobertura plástica foi possível produzir uvas de qualidade na região de Nova Trento. Contudo, no ciclo 2020/21 houve perda expressiva causada por podridões de cachos, especialmente nas variedades de cacho mais compacto. A suscetibilidade às podridões pode estar relacionada à morfologia dos cachos. É possível modificar a arquitetura do cacho de diferentes maneiras, como através do uso de bioestimulantes ou da remoção manual de bagas ou partes dos cachos. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito de diferentes técnicas para modificar a arquitetura dos cachos da videira e verificar seu efeito na incidência e severidade de podridões, assim como na qualidade das uvas produzidas. Foram avaliadas as variedades Pinot Noir, BRS Vitória e BRS Ísis em um vinhedo localizado no município de Nova Trento, no estado de Santa Catarina, durante o ciclo 2021/22. As técnicas para modificar a arquitetura dos cachos foram o raleio de bagas, a poda da ponta dos cachos e a aplicação de bioestimulantes a base de extratos vegetais e extratos de algas. Foram avaliadas a incidência e severidade de podridões, as características físicas dos cachos, a maturação tecnológica das uvas. Os bioestimulantes Shift®, SprintAlga® e o seu uso combinado contribuíram para o aumento do número de bagas, do comprimento e da massa do cacho e da ráquis da variedade BRS Vitória. Não foram verificados efeitos dos bioestimulantes e das técnicas de manejo no comprimento e na massa do cacho e da ráquis da variedade BRS Ísis. Para a variedade Pinot Noir, a combinação de Shift® + SprintAlga® não diferiu do tratamento controle e resultou em maiores comprimento e na massa do cacho e da ráquis. Os bioestimulantes foram eficientes na redução do índice de compactação dos cachos das variedades avaliadas. SprintAlga® resultou nos menores índices de compactação da BRS Ísis; a combinação de Shift® + SprintAlga® reduziu a compactação dos cachos de Pinot Noir e BRS Vitória. A poda da ponta dos cachos não foi eficiente para redução do índice de compactação do cacho em todas as variedades avaliadas. Independente da variedade, as diferentes técnicas de manejo não afetaram a maturação e a qualidade das uvas. Não houve registro da incidência de podridões nos cachos das variedades BRS Vitória e BRS Ísis. O maior percentual de incidência e severidade de B. cinerea ocorreu em cachos de Pinot Noir submetidos ao raleio de bagas e poda de cacho.