Abstract:
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Os produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e seus derivados são grupos de alimentos industrializados frequentemente consumidos pela população brasileira. O crescimento no consumo de alimentos industrializados, principalmente aqueles denominados ultraprocessados, vem sendo associados ao aumento de doenças crônicas não-transmissíveis. Além disso, são as principais fontes de aditivos na alimentação, cujo consumo pode ser prejudicial à saúde. Os aditivos são substâncias adicionadas intencionalmente aos alimentos para fins tecnológicos, como conservantes, corantes e espessantes. O objetivo do estudo foi caracterizar a notificação de aditivos alimentares em rótulos de produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e seus derivados comercializados no Brasil em 2020. A partir de censo de rótulos de alimentos industrializados, foram coletadas por meio de registros fotográficos as informações contidas nos rótulos de todos os alimentos disponíveis para venda em um supermercado de uma grande rede brasileira. A coleta de dados foi realizada utilizando um aplicativo para smartphone, adaptado pelo programa internacional de pesquisa em rotulagem de alimentos FoodSwitch (Austrália). Foi realizado o escaneamento do código de barras de todos os alimentos a fim de identificá-los e o registro fotográfico de todas as faces da embalagem foi captada para coletar as informações dos rótulos dos alimentos industrializados. Informações como denominação de venda, lista de ingredientes, peso total da embalagem, dados da tabela informação nutricional, etc foram coletadas para as análises. A tabulação dos dados ocorreu por meio de transcrição das informações contidas nos registros fotográficos em um sistema do programa FoodSwitch. Dos 7829 produtos do banco de dados, 1004 são alimentos provenientes do grupo de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e seus derivados, que foram divididos em subgrupos de acordo com a legislação (RDC 259/2003). Mais da metade dos alimentos do grupo analisado apresentou pelo menos um aditivo na sua lista de ingredientes. Em um mesmo subgrupo de bolos todos os tipos sem recheio, a variação de mínimo e máximo de aditivos variou de 0 a 21 e quase 50% dos alimentos notificaram mais de um aditivo diferente nos seus rótulos. Dois dos 23 subgrupos analisados apresentaram 100% de notificação de aditivos nas suas listas de ingredientes. A classe funcional mais frequente nos alimentos analisados foi aromatizante seguido por emulsificante, conservante, fermentos químicos e corantes, além disso foram notificados 120 tipos diferentes de aditivos nos rótulos de alimentos sendo destes, 104 notificados em menos de 5% dos produtos. Os achados deste estudo demonstram que alimentos amplamente consumidos pela população brasileira notificam conter vários tipos de aditivos sem que se tenha segurança de consumo concomitante, bem como contribuir para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Salienta-se a necessidade do fortalecimento de políticas públicas voltadas à regulamentação da rotulagem de alimentos no país, discutindo suas possíveis fragilidades. |