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Cada vez mais, com o passar dos anos, a poesia de Eugenio De Signoribus pode ser lida a partir da ideia da santidade do acolhimento ao peregrino e ao expatriado (mas note-se que as terras da epígrafe são smante, abertas e ao mesmo tempo despojadas) e, outro lado da mesma moeda, do incessante empenho no desmascaramento e na denúncia do mal. Eugenio De Signoribus (Cupra Marittima, 1947) é (e não só) um poeta civil, considerado o maior de sua geração[1], e político, pelo seu alarmado testemunho, que acolhe razões do protesto anticapitalista, numa tradição que conta nomes como Rebora, Fortini, Volponi[2] e, certamente, Pasolini. Em tempos que nos parecem atingir o cume das violações de toda e qualquer humanidade, De Signoribus se apresenta como “testemunha do humano contra o desumano”[3], expondo intensamente seu “assíduo estado de estupor moral”[4] diante dos horrores da história contemporânea. Seu olhar é amplo, mas é um olhar de perto, do mundo interior e da experiência do quotidiano – que inclui, evidentemente, o assédio de telas, telões e jornais – um olhar bem ilustrado pelos versos de Boris Pasternak: “Meus caros, qual milênio / está agora no nosso quintal?”, versos que o poeta escolheu como epígrafe do seu Istmi e chiuse [Istmos e barragens]. É a história contemporânea que temos diante dos olhos, mas há também a clara visão de um tempo maior, o tempo do “ignóbil século dos séculos”, ou seja, o horror de sempre - pois a história é “um escândalo que dura há dez mil anos”, como diz um título de Elsa Morante. Pode-se, em outra perspectiva, “ignorar o coro temporâneo / e escutar o inverno subterrâneo”[5], de todas as gerações, dos vivos e dos mortos. |
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